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Em um ano com eleições nacionais e estaduais, organizações dos diversos campos da sociedade se mobilizam para tentar pautar o debate eleitoral, cobrando prioridade para os setores em que atuam. Trata-se de algo legítimo e desejável, porque faz com que partidos e seus candidatos tenham de se preparar para responder e, por vezes, se comprometer com pautas que, noutras condições, talvez sequer recebessem sua atenção.
Desse espaço, onde somente tenho discutido temas educacionais, hoje me despeço afirmando que no pleito de outubro a educação não deverá ser a prioridade nacional. Nossa emergência inescapável é resolver o problema da fome, ou sequer teremos credenciais civilizatórias e humanistas para falar em educação.
Por que faço essa provocação? Num primeiro nível, porque, para um educador, poucas coisas são mais importantes que o idioma. Se os conceitos não são claros e os termos são usados imprecisamente, ensinar torna-se impossível. Não porque o educador seja o detentor absoluto do conhecimento, mas porque é a partir de um conhecimento consolidado que os estudantes podem interpretá-lo, criticá-lo, ressignificá-lo e, eventualmente, superá-lo. É nesse diapasão que peço licença ao leitor para transcrever, literalmente, as acepções do verbete “prioridade” segundo o Dicionário Houaiss:
“1. condição do que é o primeiro em tempo, ordem, dignidade
2. possibilidade legal de passar à frente dos outros; preferência, primazia.
João Marcelo Borgesé pesquisador do Centro de Desenvolvimento da Gestão Pública e Políticas Educacionais da Fundação Getulio Vargas. Foi diretor de Estratégia Política do Todos Pela Educação (2018-2020), Consultor Sênior e Especialista em Educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (2011-2018), além de ter ocupado cargos de direção no governo do estado de São Paulo e de gerência no Ministério do Planejamento. Idealizador e cofundador do Movimento Colabora Educação, é mestre em economia política internacional, pela London School of Economics, onde estudou como bolsista Chevening, do governo do Reino Unido.
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