Que a IA (Inteligência Artificial) vem revolucionando a maneira como as empresas operam e a forma como as atividades são desempenhadas na atualidade, ninguém tem mais dúvidas. O avanço no desenvolvimento tecnológico, porém, vem proporcionando mudanças que vão além da automação de processos.
Seus impactos podem ser vistos, sentidos e vivenciados de muitas maneiras. Afinal, a IA está moldando as dinâmicas dentro das organizações de formas profundas. Ela vem alterando a comunicação interna, a liderança e até mesmo as expectativas dos profissionais.
Destaco, por exemplo, a reformulação na maneira como os gestores interagem com suas equipes desde que a IA passou a fazer parte do cotidiano. Com o uso das ferramentas de IA, tarefas repetitivas, como análises de dados e relatórios, foram automatizadas. Consequentemente, os profissionais que antes se ocupavam com essas funções, agora podem se concentrar em atividades mais estratégicas, fator que trouxe melhora na produtividade e exigiu dos líderes uma adaptação a novos modelos de gestão. Agora, as decisões podem ser tomadas de maneira mais rápida e precisa. Isso significa, que os líderes precisam adotar uma postura muito mais analítica e menos subjetiva. Como resultado, temos um fortalecimento na confiança em relação às decisões gerenciais, ao mesmo tempo em que também é possível que se crie uma dependência excessiva das novas tecnologias, o que vai afetar, futuramente, a capacidade de liderança humana quando houver necessidade de julgamento emocional ou ético de determinadas situações.
Empresas que souberem equilibrar a adoção da IA com uma abordagem humana e ética estarão mais preparadas para navegar nas mudanças contemporâneas
Outro ponto que pode ser influenciado são as relações de poder nas companhias, visto que com a facilidade em coletar dados sobre o desempenho individual dos funcionários, a IA pode ser usada para monitorar e avaliar colaboradores de forma mais eficiente. Ao mesmo tempo em que proporciona um feedback mais preciso e transparente, também é aberto um precedente em relação a questões como privacidade, sobrecarga de informações e abalo da confiança entre as pessoas.
Com o avanço no uso das inteligências artificiais, também podem ser percebidos impactos importantes na cultura organizacional. Apesar de tornar a comunicação e o acesso a informação muito mais dinâmico, o uso da IA pode provocar uma diminuição das interações humanas e um distanciamento emocional entre as pessoas, assim como afetar a criatividade e a inovação.
O mesmo se aplica às relações com os clientes. Ferramentas como chatbots, assistentes virtuais e algoritmos de recomendação são usadas para personalizar o atendimento, criando uma experiência mais fluida e eficaz para o consumidor. Embora isso traga vantagens em termos de um serviço mais eficiente e assertivo, também levanta questões sobre a privacidade e o uso ético dos dados dos consumidores. Além disso, o aumento da automação no atendimento ao cliente pode afetar a percepção de empatia e atenção no serviço prestado.
A adoção da IA nas corporações também traz à tona algumas questões éticas, que precisam ser cuidadosamente analisadas. A automação de processos pode resultar em perda de empregos, especialmente em áreas mais operacionais e administrativas. Embora novas funções possam surgir com a introdução da IA, muitas delas exigem habilidades técnicas específicas, o que pode aumentar a desigualdade social e profissional, com a exclusão de trabalhadores menos qualificados ou com dificuldades de adaptação a novas tecnologias.
À medida que a inteligência artificial continua a se desenvolver, o impacto nas relações corporativas será ainda mais profundo. Empresas que souberem equilibrar a adoção da IA com uma abordagem humana e ética estarão mais preparadas para navegar nas mudanças. A chave será usar a IA como uma ferramenta para aprimorar as habilidades humanas e não para substituí-las completamente. Para que as empresas se beneficiem dessa transformação de maneira sustentável, será crucial encontrar o equilíbrio entre a automação e a preservação de um ambiente corporativo humano e ético. Pense nisso!
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Elizabeth Mariano Matsumoto é sócia e diretora da Prosphera Educação Corporativa – consultoria multidisciplinar de gestão de negócios