A psicologia política estuda conflitos sociais e comportamentos políticos, unindo psicologia, sociologia e ciências sociais. Investiga ideologias, tomada de decisão, comportamento eleitoral, opinião pública e comunicação política. No passado, psicólogos políticos focavam na subjetividade do voto. Hoje, também estudam a violação de direitos humanos, movimentos sociais e conscientização. Os livros abaixo mostram a diversidade teórico-metodológica, debates clássicos e tendências contemporâneas do campo.

Psicologia das massas e análise do eu

Sigmund Freud (Trad. Renato Zwick, L&PM, 2013)

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Muito do que o senso comum sabe sobre a subjetividade na política vem desse livro de 1921. Mais de cem anos depois, analistas usaram seus conceitos para entender os ataques bolsonaristas em Brasília. Na obra, Freud popularizou as conclusões de Gustave Le Bon sobre a irracionalidade das multidões e enfatizou os riscos de manipulação por líderes carismáticos.

Estudos sobre a personalidade autoritária

Theodor W. Adorno (Trad. Francisco Lopez Toledo Correa, Virginia Helena Ferreira da Costa e Carlos Henrique Pissardo, Editora Unesp, 2019)

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A revolução conservadora dos “homens de bem” em curso no Brasil e as discussões sobre fascismo renovaram o interesse nos estudos de Adorno sobre personalidade autoritária. O livro, escrito em 1950 para discutir dados coletados através de testes de personalidade, entrevistas e estudos de caso, busca responder por que algumas pessoas são mais atraídas por líderes ou ideologias autoritárias do que outras.

No interstício das disciplinaridades: a psicologia política

Alessandro Soares da Silva e Felipe Corrêa (org.) (Prismas, 2015)

Com foco na expansão das políticas públicas de bem-estar social e na consolidação do Estado Democrático de Direito no país, os 9 capítulos desse livro apresentam análises psicopolíticas relevantes para a compreensão da atuação de movimentos sociais, das motivações de atores políticos institucionais e da perda de relevância dos partidos políticos no contexto dos eventos de junho de 2013.

Psicologia dos extremismos políticos

Domenico Uhng Hur e Jose Manuel Sabucedo (org.) (Vozes, 2020)

Os autores utilizam ferramentas da psicologia social e política para investigar o fenômeno global do extremismo em vários países, incluindo Estados Unidos, França, Espanha, Índia, Venezuela, Brasil, Colômbia, Argentina e México. Ao explorar acontecimentos contemporâneos, como a ascensão do nacionalismo de Donald Trump nos Estados Unidos e o populismo digital de Jair Bolsonaro no Brasil, os capítulos discutem como esquemas cognitivos, afetivos, econômicos e psicossociais contribuem para produção e a intensificação dos extremismos políticos.

Mulheres e política no Brasil: um manual prático de enfrentamento à desigualdade de gênero

Thaís Zschieschang Marca (Dialética, 2022)

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Escrito por uma jovem pesquisadora, o livro combina ideias clássicas do vocabulário psicopolítico brasileiro com uma proposta inovadora de um jogo colaborativo. O trabalho analisa a trajetória de participação de 69 mulheres na vida pública nacional utilizando a noção de consciência política. A autora examina os desafios e oportunidades individuais, coletivas, pessoais e institucionais relacionados à entrada e à permanência das mulheres em espaços de poder. A criação de um jogo/intervenção pela pesquisadora demonstra seu compromisso em utilizar os resultados de seu estudo para incentivar a adoção de medidas que promovam a igualdade de gênero na esfera política.

André Sales é doutor em psicologia. Pesquisador FAPESP associado ao PPG de psicologia da PUC/SP e pesquisador visitante na CUNY em Nova Iorque e na York University, em Toronto. Autor de “Militancy and Prefigurative Activism: the Case of Brazil” ( Springer, 2023 ); “Militância e ativismo: cinco ensaios sobre ação coletiva e subjetividade” ( Editora Unesp, 2021 ); “Militância e ativismo depois de Junho de 2013: e daí?” ( Comprehensive Peer, 2020 ). Editor da série Psicologia Política Pop .