Ministério Público investiga Volkswagen por trabalho escravo
Da Redação
30 de maio de 2022(atualizado 21/12/2023 às 13h47)Empresa alemã é acusada de utilizar práticas análogas à escravidão e tráfico de pessoas durante a ditadura militar nas décadas 1970 e 1980
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Fábrica da Volkswagen na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo
O Ministério Público do Trabalho confirmou nesta segunda-feira (30) que investiga a responsabilidade da Volkswagen por violações de direitos humanos em uma fazenda da montadora no Pará entre 1974 e 1986, durante a ditadura militar. O órgão afirmou que há suspeitas de tráfico de pessoas e de trabalho escravo praticados pela empresa. A unidade brasileira da Volkswagen foi convocada para uma audiência marcada para 14 de junho, em Brasília.
As denúncias foram reveladas no domingo (29) por dois veículos da imprensa alemã: o jornal Süddeutsche Zeitung e a televisão pública ARD. Segundo as reportagens, as violações teriam ocorrido na Fazenda Vale do Rio Cristalino, local conhecido como Fazenda Volkswagen, em Santana do Araguaia, no Pará. O terreno de 139 mil hectares seria de propriedade de uma subsidiária da fabricante alemã, a Companhia Vale do Rio Cristalino Agropecuária Comércio e Indústria.
O Ministério Público do Trabalho afirma que entre as violações que podem ter sido praticadas pela companhiaestão falta de tratamento médico em casos de malária, alojamentos instalados em locais insalubres, sem acesso a água potável e com alimentação precária. A empresa também é acusada de impedir a saída dos trabalhadores devido a dívidas contraídas e de usar vigilância armada.
A fazenda teria sido subsidiada por uma entidade ligada ao governo militar.“A fazenda estava inserida no projeto da ditadura civil-militar brasileira de desenvolvimento da Amazônia”, afirmou o procurador do Trabalho Rafael Garcia Rodrigues, que coordena a investigação do caso. O Ministério Público do Trabalho não disse quantas pessoas teriam sido vítimas dos atos. O órgão começou a investigar o caso em 2019.
Em nota, a Volkswagen no Brasil afirmou que contribuirá com as investigações “de forma muito séria” e “não comentará o assunto até que tenha clareza sobre todas as alegações”.
A empresa já foi investigada por seu envolvimento em outros casos de violações de direitos humanos durante a ditadura militar brasileira. Em 2020, a montadora assinou um acordo de reparação milionário por ter colaborado com o regime entre 1969 e 1979. Ela foi acusada de fornecer informações sobre funcionários envolvidos em atividades políticas e de permitir prisões sem ordem judicial e tortura policial dentro de uma das suas fábricas no país.
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