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É bem o que andam dizendo. “Dias perfeitos”, de Wim Wenders, mostra o cotidiano de um limpador de banheiros em Tóquio, tem uma duração de duas horas e pouco, o protagonista fala pouquíssimo, e o resultado é muito bonito.
Claro que é bom para quem gosta desse tipo de filme, com zero adrenalina. Gostei bastante, mas não fiquei maravilhado como as pessoas que tinham me feito a recomendação.
Alguma coisa me deixou com o pé atrás.
Começo pelo mais óbvio. A vida de um limpador de banheiros nada tem de invejável. Em Tóquio, dá para receber algum dinheiro, e o protagonista vai de carro a cada um dos banheiros públicos que deve limpar. Mesmo assim, ele vive num lugar que não dá inveja a nenhum bairro pobre de São Paulo, e o seu dia a dia, objetivamente, é de dar dó.
Aí vem a jogada do filme. É talvez preconceito, sugere Wim Wenders, pensarmos que um limpador de banheiros leve uma vida vazia e explorada.
Marcelo Coelhoé jornalista, com mestrado em sociologia pela USP (Universidade de São Paulo). Escreveu três livros de ficção (“Noturno”, “Jantando com Melvin” e “Patópolis”), dois de literatura infantil (“A professora de desenho e outras histórias” e “Minhas férias”) e um juvenil (“Cine Bijou”). É também autor de “Crítica cultural: teoria e prática” e “Folha explica Montaigne”, além de três coletâneas com artigos originalmente publicados no jornal Folha de S.Paulo (“Gosto se discute”, “Trivial variado” e “Tempo medido”).
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
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