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Lilia Schwarcz
Quando é necessário negociar e ‘bregar’: desafios para 2020
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Senhora na liteira com dois escravos. Bahia, c. 1860
Uma foto que está, faz tempo, pendurada na parede, colada num álbum ou perdida num arquivo, é, em geral, percebida como uma ilustração: uma prova do passado. Por isso mesmo, costumamos pensar que são retratos fiéis daquilo que efetivamente “teria” acontecido. No entanto, muitas vezes, uma imagem não apenas devolve o que ocorreu. Inventa o que se quer que ocorra. Elas correspondem, pois, a “formas de imaginar críveis”, no sentido que só fazem sentido se confirmarem algo que “poderia ter acontecido”, mas nem sempre “aconteceu”.
Ou seja, fotógrafos do passado e do presente jamais deixam de incluir nos documentos que produzem suas próprias perspectivas, interpretações e objetivos. É certo que seguem certos padrões. No entanto, jamais escondem suas “intenções”. Elas funcionam, portanto, como “padrões de intenção”, tomando emprestado a expressão do famoso crítico visual, Michael Baxandall.
Lilia Schwarczé professora da USP e global scholar em Princeton. É autora, entre outros, de “O espetáculo das raças”, “As barbas do imperador”, “Brasil: uma biografia”, "Lima Barreto, triste visionário”, “Dicionário da escravidão e liberdade”, com Flavio Gomes, e “Sobre o autoritarismo brasileiro”. Foi curadora de uma série de exposições dentre as quais: “Um olhar sobre o Brasil”, “Histórias Mestiças”, “Histórias da sexualidade” e “Histórias afro-atlânticas". Atualmente é curadora adjunta do Masp para histórias.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
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