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A política pública requer mais do que boas intenções.
Nos últimos anos, no Brasil, foram adotados diversos programas públicos para estimular as mais variadas atividades, do investimento em Pesquisa e Desenvolvimento por parte das empresas, ao desenvolvimento da indústria naval, à capacitação técnica dos jovens. Trabalhos recentes indicam que boa parte desses programas fracassou.
O diagnóstico do problema nem sempre é simples como a sugerida por uma primeira leitura dos dados. Além disso, a estimativa de impacto das políticas públicas requer modelos de avaliação, frequentemente utilizando métodos estatísticos e hipóteses simplificadoras. Por essas razões, especialistas, que concordam com os objetivos da política pública, muitas vezes divergem sobre o diagnóstico dos problemas e a melhor forma de enfrentá-los.
Existem várias possíveis razões para a controvérsia. Pode-se criticar a consistência dos argumentos ou as bases de dados e a metodologia utilizada. Além disso, a estatística não demostra a veracidade de alguma conjectura. Os modelos apenas estimam com que margem de erro a conjectura não pode ser rejeitada.
A consistência de um modelo estatístico com os dados disponíveis, entretanto, não garante que as estimativas de impactos sejam as mais acuradas. Os mesmos dados podem ser consistentes com modelos e hipóteses distintas. Por exemplo, a correlação entre cidades mais violentas e o maior número de policiais pode ter duas implicações distintas. O número de policiais pode não afetar a criminalidade. Por outro lado, pode ser que existam razões adicionais para a violência. Nesse segundo caso, pode ser que mais policiais reduzam a criminalidade. Talvez, apenas, o maior número de policiais nas cidades mais violentas não seja suficiente para contrabalançar os demais fatores.
Marcos Lisboaé presidente do Insper, Ph.D. em economia pela Universidade da Pensilvânia. Atuou como professor assistente no Departamento de Economia da Universidade de Stanford e da EPGE/FGV. Foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e presidente do Instituto de Resseguros do Brasil. Diretor executivo do Itaú-Unibanco, entre 2006 e 2009, e vice-presidente até 2013.
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