Coluna

Denis R. Burgierman

Reflexões materialistas sobre a morte, e o que vem depois dela

30 de março de 2017

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Eu bem que queria, mas não consigo acreditar em alma ou em espíritos. E sei muito bem que não viramos estrela quando morremos. Mas isso não significa que eu não possa crer – racionalmente – que a vida transcende a morte

– Eu vou morrer, papai?

A pergunta veio de sopetão, da minha filha de 3 anos. Eu sabia que ela viria um dia – e temia esse momento desde antes mesmo de ela nascer (medroso da morte que sou).

Afinal, sou um sujeito materialista: cresci sem religião, aprendi cedo a amar a ciência. Na minha visão de mundo, não há espaço para a transcendência da alma. Aliás, não há alma. Aprendi a acreditar que nossa consciência emerge do funcionamento de nossas células, nossos órgãos, nossos tecidos. Quando esse funcionamento cessa, cessa a consciência também, uai.

Acredito também que não se deve mentir para as crianças – esconder verdades só serve para gerar medos, traumas, tabus. Então, não havia outra resposta possível:

– Vai – eu disse.

Denis R. Burgiermané jornalista e escreveu livros como “O Fim da Guerra”, sobre políticas de drogas, e “Piratas no Fim do Mundo”, sobre a caça às baleias na Antártica. É roteirista do “Greg News”, foi diretor de redação de revistas como “Superinteressante” e “Vida Simples”, e comandou a curadoria do TEDxAmazônia, em 2010.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.

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