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Parece que já não bastam os casos daqueles antigos campeões de boxe reduzidos à demência, dos jogadores de futebol fulminados por um ataque cardíaco, dos atletas deformados pelo excesso de treinamento, machucados cronicamente, ou sujeitos a crises de saúde mental.
O mundo dos esportes olímpicos e das grandes competições, tal como existe hoje, tem tanto de espetacular quanto de insano, e mal se pode avaliar o preço, em termos pessoais, envolvido em cada medalha ou taça que se conquista.
Pois bem – resolveram inventar algo mais radical, mais assustador, mais desumano. Literalmente desumano.
O jovem advogado australiano Aron D’Souza é o idealizador dos “ Enhanced Games ”, uma olimpíada sem nenhum controle de doping ou qualquer substância química.
Vale tudo: um judoca com anfetamina até as orelhas competirá com outro, dotado de um chip com inteligência artificial. A nadadora injetada de hélio disputará o pódio com um homem-batráquio provido de pernas de silicone.
Marcelo Coelhoé jornalista, com mestrado em sociologia pela USP (Universidade de São Paulo). Escreveu três livros de ficção (“Noturno”, “Jantando com Melvin” e “Patópolis”), dois de literatura infantil (“A professora de desenho e outras histórias” e “Minhas férias”) e um juvenil (“Cine Bijou”). É também autor de “Crítica cultural: teoria e prática” e “Folha explica Montaigne”, além de três coletâneas com artigos originalmente publicados no jornal Folha de S.Paulo (“Gosto se discute”, “Trivial variado” e “Tempo medido”).
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
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