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Marcelo Coelho

Proposta de Olimpíada ganha medalha do extremismo neoliberal

05 de julho de 2023

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Advogado idealizou competição sem controle de doping ou qualquer substância química. Sistema será totalmente privado, abertamente visando ao lucro

Parece que já não bastam os casos daqueles antigos campeões de boxe reduzidos à demência, dos jogadores de futebol fulminados por um ataque cardíaco, dos atletas deformados pelo excesso de treinamento, machucados cronicamente, ou sujeitos a crises de saúde mental.

O mundo dos esportes olímpicos e das grandes competições, tal como existe hoje, tem tanto de espetacular quanto de insano, e mal se pode avaliar o preço, em termos pessoais, envolvido em cada medalha ou taça que se conquista.

Pois bem – resolveram inventar algo mais radical, mais assustador, mais desumano. Literalmente desumano.

O jovem advogado australiano Aron D’Souza é o idealizador dos “ Enhanced Games ”, uma olimpíada sem nenhum controle de doping ou qualquer substância química.

Vale tudo: um judoca com anfetamina até as orelhas competirá com outro, dotado de um chip com inteligência artificial. A nadadora injetada de hélio disputará o pódio com um homem-batráquio provido de pernas de silicone.

Marcelo Coelhoé jornalista, com mestrado em sociologia pela USP (Universidade de São Paulo). Escreveu três livros de ficção (“Noturno”, “Jantando com Melvin” e “Patópolis”), dois de literatura infantil (“A professora de desenho e outras histórias” e “Minhas férias”) e um juvenil (“Cine Bijou”). É também autor de “Crítica cultural: teoria e prática” e “Folha explica Montaigne”, além de três coletâneas com artigos originalmente publicados no jornal Folha de S.Paulo (“Gosto se discute”, “Trivial variado” e “Tempo medido”).

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.

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