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Em 1989, por um breve tempo, Silvio Santos resolveu ser candidato à Presidência da República. Eu já trabalhava na Folha de S.Paulo nessa época, e o jornal costumava receber personalidades para almoços mais ou menos informais.
Conheci muita gente nessas ocasiões, de Delfim Netto a Gilberto Gil, passando por Brizola e Mário Covas. Poucas me impressionaram tanto quanto o dono do SBT.
Uma coisa era vê-lo, ou lembrar-se de tê-lo visto, no programa de auditório, com seus hahahaaaiii e suas perguntas ao Lombardi. De repente, ele estava almoçando ali, falando o que achava da situação política e de como pretendia consertar o país.
Não lembro de suas “propostas”, se é que havia muitas. A ótica, evidentemente, era empresarial e se voltava para uma reforma do serviço público. Isso importava pouco.
O que era assustador era ver Silvio Santos falando realmente sério. Isto é, falando de assuntos sérios, sem nenhum histrionismo, com um misto de preocupação e confiança, sem megalomania, sem modéstia nem imodéstia.
Marcelo Coelhoé jornalista, com mestrado em sociologia pela USP (Universidade de São Paulo). Escreveu três livros de ficção (“Noturno”, “Jantando com Melvin” e “Patópolis”), dois de literatura infantil (“A professora de desenho e outras histórias” e “Minhas férias”) e um juvenil (“Cine Bijou”). É também autor de “Crítica cultural: teoria e prática” e “Folha explica Montaigne”, além de três coletâneas com artigos originalmente publicados no jornal Folha de S.Paulo (“Gosto se discute”, “Trivial variado” e “Tempo medido”).
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
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