Coluna
Marcelo Coelho
O pior de celulares e redes sociais é que destroem vida social
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Proibir celular nas escolas, para mim, é uma iniciativa tão óbvia que nem chego a entender por que precisou ser discutida e ser objeto de uma lei. Deveria ser automático: qualquer professor ou diretor de colégio haveria de ter, imagino, autoridade para decidir isso.
No recreio, já não sei; mas em sala de aula, como é possível que se tenha chegado a uma situação em que conversinhas e instagranzinhos competissem com a palavra do professor?
Li em algum lugar que os efeitos positivos da proibição se tornam visíveis imediatamente, e que as próprias atividades do horário de intervalo se tornam mais “normais”: crianças correndo, por exemplo; “brincando” à moda antiga, ou pelo menos se aventurando a olhar o rosto uma da outra, sem fixar-se na telinha.
Vejo que o problema do celular e dos computadores não é só o de que alterem nossa concentração ou de que mudem, para bem ou para mal, o desempenho do cérebro. A questão é de sociabilidade.
A bem dizer, as redes sociais são bem pouco “sociais” num sentido mais amplo. Com certeza, nós nos comunicamos com mais frequência e rapidez. Só que “socializar” e “comunicar” são coisas bem diferentes.
Marcelo Coelhoé jornalista, com mestrado em sociologia pela USP (Universidade de São Paulo). Escreveu três livros de ficção (“Noturno”, “Jantando com Melvin” e “Patópolis”), dois de literatura infantil (“A professora de desenho e outras histórias” e “Minhas férias”) e um juvenil (“Cine Bijou”). É também autor de “Crítica cultural: teoria e prática” e “Folha explica Montaigne”, além de três coletâneas com artigos originalmente publicados no jornal Folha de S.Paulo (“Gosto se discute”, “Trivial variado” e “Tempo medido”).
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.
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