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Eu gostaria muito de abrir a janela e gritar “Diretas Já”. Mas não consigo.
Como parte de uma geração que nasceu no final regime militar, a expressão “Diretas Já” carrega um significado muito forte. Significa não só uma mudança do regime político, mas também um novo olhar para o mundo, como mais liberdade, justiça e esperança. “Diretas já” significou, também, uma nova Constituição finalizada em 1988. Por zelo à Constituição, não defenderia a mudança de dispositivos constitucionais que ainda nem foram regulamentados ou testados.
Eu gostaria muito de sair às ruas batendo panela carregando faixas “Fora Dilma”. Mas não o fiz.
Como parte de uma geração que presenciou um impeachment logo na largada da nova democracia, sabia que era um processo árduo. Dessa vez, ainda mais traumático. O PT não era o PRN. Seria demais ver dois presidentes dos quatro eleitos democraticamente serem impedidos. A inação política de Dilma acabou contribuindo para que ela sofresse impeachment. Mesmo sendo um processo constitucional, parece-me que foi o coroamento de um fracasso coletivo.
Eu gostaria muito de ter defendido, na época do colégio, a emenda constitucional da reeleição. Mas nem cogitei fazê-lo.
Humberto Laudaresé especialista em políticas públicas e desenvolvimento. É Ph.D em Economia pelo Graduate Institute, em Genebra (Suíça), e mestre pela Universidade Columbia (Estados Unidos). Fez Ciências Sociais na USP e Administração na FGV de São Paulo. Trabalhou com políticas públicas em governos, no parlamento e em organismos internacionais. Para acompanhar sua página no Facebook: www.facebook.com/laudares
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