O estudo que avaliou a eficiência de 227 máscaras contra covid
Mariana Vick
04 de maio de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h07)Equipamentos profissionais, como os do tipo N95 e PFF2, filtram mais partículas do vírus suspensas no ar do que itens feitos de pano
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Máscaras N95 penduradas para serem esterilizadas com luz UVC
Um estudo que avaliou a eficiência de 227 tipos de máscaras vendidas em farmácias e lojas de comércio popular pelo país concluiu que os modelos mais eficazes para filtrar as partículas do novo coronavírus são as máscaras cirúrgicas e as do tipo PFF2 ou N95 , que são de uso profissional e certificadas.
As máscaras profissionais podem filtrar entre 90% e 98% de partículas como a do novo coronavírus, segundo o estudo. Em seguida, estão as máscaras de TNT, cuja eficiência varia de 80% a 90%. Em terceiro lugar, estão as máscaras de tecido, que registram entre 15% e 70% de capacidade de filtração.
A pesquisa, conduzida no Instituto de Física da USP (Universidade de São Paulo), foi publicada no fim de abril pela revista científica Aerosol Science and Tech. O objetivo do trabalho foi compreender em que medida os brasileiros estão protegidos contra a covid-19 com as máscaras que costumam usar.
Os pesquisadores testaram a eficiência das máscaras utilizando um equipamento que produz partículas de aerossol (isto é, partículas suspensas no ar) de tamanho semelhante ao do novo coronavírus. Eles lançaram jatos de aerossol no ar e mediram a concentração de partículas inaladas com ou sem as máscaras.
90% a 98%
é a proporção de partículas do novo coronavírus que máscaras cirúrgicas, PFF2 ou N95 conseguem filtrar, protegendo quem as usa, segundo estudo da USP
O estudo mostra os benefícios do uso de máscaras como PFF2 e N95 em comparação com máscaras de tecido (seja algodão, lycra ou microfibra), as mais comuns entre os brasileiros. Com esses dados, os pesquisadores afirmam que o ideal seria que houvesse distribuição gratuita de máscaras profissionais.
Embora a eficiência das máscaras varie, todas contribuem para reduzir a propagação do novo coronavírus, segundo o estudo. Para os cientistas, seu uso é fundamental para o controle da pandemia. A pesquisa mostra como as pessoas podem fazer escolhas mais bem informadas na hora de se proteger.
Além da capacidade de filtração, o estudo testou outros fatores que tornam uma máscara mais eficiente ou não na hora de proteger quem as usa do contágio pelo novo coronavírus, como a vedação oferecida por cada equipamento e detalhes como costuras, clipes nasais e tipos de tecido.
A vedação é a característica que define se uma máscara é ajustada ou não ao rosto. Mesmo que uma máscara seja feita de um material capaz de filtrar bem as partículas do novo coronavírus, ela precisa estar vedada corretamente para garantir que o ar não entre por “brechas” entre o rosto e a máscara.
Mulher trabalha em produção de máscaras de tecido
As máscaras do tipo N95 ou PFF2 costumam ter boa vedação, enquanto máscaras de tecido vedam menos. Máscaras com costuras também protegem menos, porque nessas costuras há furos que permitem a passagem de ar. Por outro lado, máscaras com clipe nasal podem ser mais bem ajustadas ao rosto, protegendo quem as usa.
O estudo diz que algumas máscaras de tecido contêm fibras metálicas (como cobre e níquel) que inativam o vírus, por isso protegem mais do que outras máscaras de pano. Modelos com material eletricamente carregado também aumentam a retenção de partículas no tecido. A eficiência desses materiais, porém, diminui com a lavagem.
Outro fator analisado pela pesquisa foi a quantidade de camadas nas máscaras de algodão. Máscaras com duas camadas de proteção filtram consideravelmente mais partículas de aerossol do que as feitas com apenas uma, segundo os pesquisadores. Máscaras com três camadas, porém, são pouco mais eficientes do que as que têm duas.
Com mais de um ano de pandemia, estudos comprovaram que a transmissão do novo coronavírus se dá principalmente pela inalação de gotículas de saliva e de secreções respiratórias suspensas no ar . Chamadas de aerossóis, essas partículas são produzidas na fala, tosse ou respiração e podem ser carregadas pelo ar por metros.
A comprovação desse tipo de transmissão aumentou a importância de medidas como o uso de máscaras, o distanciamento social e a ventilação de espaços fechados. O uso de máscaras serve para isolar o sistema respiratório de uma pessoa do ambiente externo, o que contribui para que as pessoas protejam a si mesmas e as que estão ao redor.
Moradores de Brasília fazem exercício em parque aberto durante a pandemia, em 2020
A OMS (Organização Mundial da Saúde) hesitava em reconhecer a transmissão da covid-19 pelo ar, dizendo que faltavam evidências sobre o tema. Embora admitisse essa possibilidade em alguns contextos desde 2020, apenas na sexta-feira (30) a agência atualizou as informações de seu site oficial, afirmando, sem reservas, que o vírus pode se espalhar por longas distâncias em ambientes mal ventilados.
Com essas informações, é possível atualizar os protocolos de prevenção do novo coronavírus, que em muitos lugares ainda dão mais atenção para a possibilidade de transmissão por superfícies — considerada pouco provável , segundo instituições como o CDC, agência americana de controle e prevenção de doenças.
Especialistas chamam de “ teatro de higiene ” quando estabelecimentos e eventos apostam em ações de desinfecção de superfícies como medida sanitária principal contra a covid-19 — às vezes, única —, mas permitem aglomerações ou não oferecem ventilação suficiente em espaços fechados.
Iniciativas criadas durante a pandemia nas redes sociais buscam informar às pessoas sobre o uso de máscaras do tipo PPF2 ou N95, e algumas delas fazem indicações de onde é possível encontrá-las por bons preços em lojas de todo o país.
O perfil Qual Máscara? (@qualmascara) no Twitter, Facebook e Instagram traz informações atualizadas e baseadas em estudos científicos sobre as proteções faciais que as pessoas têm usado para reduzir o contágio pelo novo coronavírus.
Médica usa máscara N95 em hospital nos Estados Unidos
Com imagens, vídeos e textos curtos em linguagem acessível, a página informa sobre o uso correto de máscaras, as diferenças entre os modelos, as formas de transmissão do novo coronavírus e outras medidas de prevenção da covid-19. A conta também refuta desinformação sobre a pandemia.
Para facilitar o acesso a esses equipamentos na pandemia, os perfis no Twitter @estoque_pff e @PFFparaTodos — que juntos fazem parte do projeto PFF para Todos — mostram onde encontrar máscaras do tipo PFF2 baratas e de qualidade, divulgando promoções e reposições dos produtos em lojas online e físicas por todo o país.
Embora, com a pandemia, os preços de alguns desses equipamentos tenham encarecido, essas máscaras podem ser encontradas a preços populares em lojas de equipamentos hospitalares e materiais de construção. Os produtos divulgados no PFF para Todos custam, em média, até R$ 10 – em alguns casos, eles chegam a menos de R$ 2.
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