FOTO: Divulgação/Gabriel Bortoleto

Gabriel Bortoleto erguendo troféu após vitória no Grande Prêmio da Itália de 2024, pela Fórmula 2

A Sauber anunciou na quarta-feira (6) que Gabriel Bortoleto será um dos titulares da equipe na temporada de 2025 da Fórmula 1. A entrada dele faz com que o Brasil volte a ter um piloto titular na categoria, o que não acontece desde 2017, com a aposentadoria de Felipe Massa. 

“Todo mundo que é um piloto de corrida sonha em se tornar um piloto de Fórmula 1 um dia”

Gabriel Bortoleto

piloto brasileiro, em vídeo da equipe Sauber publicado na quarta-feira (6) no X (antigo Twitter) 

Aos 20 anos, Bortoleto irá reiniciar a tradição de pilotos brasileiros na Fórmula 1, que somam oito títulos mundiais. O número de conquistas coloca o Brasil entre os três principais países da categoria, atrás apenas do Reino Unido, com 20 títulos, e Alemanha, com 12. 

Neste texto, o Nexo apresenta quem é Gabriel Bortoleto, o histórico dos brasileiros na Fórmula 1 e quais outros pilotos do país têm potencial de assumir a titularidade na categoria. 

Quem é Gabriel Bortoleto

Gabriel Bortoleto nasceu em São Paulo em 14 de outubro de 2004. Piloto de kart desde os sete anos de idade, o paulistano vem de uma família envolvida no automobilismo. Tanto seu pai, Lincoln Oliveira, como seu irmão, Enzo Bortoleto, contam com cargos na Vicar, empresa que organiza competições nacionais e internacionais como a Stock Car. Oliveira, inclusive, irá assumir o cargo de CEO da empresa interinamente em 2025.

Seu primeiro título na classe mirim aconteceu no Campeonato Brasileiro de Kart, em 2012. Ele se mudou para a Itália após quatro anos, onde continuou disputando competições. Bortoleto conquistou o vice-campeonato do WSK (World Series Karting) Super Master Series, categoria que revelou grandes nomes do grid atual da Fórmula 1 como o heptacampeão Lewis Hamilton e o atual tricampeão Max Verstappen. 

A entrada em equipes de Fórmula – veículos monopostos – aconteceu em 2020, na Fórmula 4 italiana. Na temporada, ele ficou na quinta colocação, com quatro pole positions e duas vitórias. Nos anos seguintes, disputou corridas na Freca (Fórmula Regional Europeia) e na Fórmula Asiática. 

Em 2022, a A14 Management passou a gerenciar a carreira de Bortoleto. O fundador da empresa é Fernando Alonso, bicampeão mundial da Fórmula 1, em 2005 e 2006. O espanhol atuou como um mentor durante a ascensão do piloto brasileiro. 

FOTO: Benoit Tessier/Reuters - 26.05.2024

O piloto espanhol Fernando Alonso, durante o GP de Mônaco

A oportunidade de Bortoleto na Rota para a F1 aconteceu em 2023, quando ele foi contratado pela equipe Trident para disputar a Fórmula 3. Na temporada, ele se tornou o primeiro campeão brasileiro da categoria, com duas vitórias e seis pódios no total. O desempenho o fez ser convidado para o programa de desenvolvimento de pilotos da McLaren, tradicional equipe da Fórmula 1.

Em 2024, o piloto subiu de categoria e está disputando a Fórmula 2 pela equipe Invicta. Bortoleto é o atual líder do campeonato, com duas etapas a serem disputadas no ano, em Bahrein e nos Emirados Árabes Unidos, entre o fim de novembro e começo de dezembro. 

Com duas vitórias e três pódios na temporada, o seu maior destaque aconteceu no Grande Prêmio de Monza, na Itália, em setembro. Bortoleto venceu a corrida após largar da última colocação.

Bortoleto na F1

Gabriel Bortoleto assinou um contrato plurianual com a Sauber. Em 2024, a equipe suíça é a pior do grid da Fórmula 1, sem somar um ponto. O finlandês Valtteri Bottas e o chinês Zhou Guanyu serão substituídos pelo brasileiro e pelo alemão Nico Hulkenberg, atualmente na Haas.

Jornalistas especializados na categoria entendem que esse cenário pode mudar a partir de 2026, quando a Audi passará a assumir o controle das operações da Sauber. A temporada de 2026 da Fórmula 1 também contará com um novo regulamento, com a categoria prometendo uma maior competitividade entre os pilotos, especialmente pelas mudanças no motor.

Por causa desse cenário na equipe, o comentarista de automobilismo Rafael Lopes, do Grupo Globo, afirmou em seu blog Voando Baixo que a torcida brasileira precisa ter paciência em relação ao desempenho de Bortoleto. 

“Não há nada que indique que a Sauber vá evoluir de desempenho em curto prazo, principalmente em se tratando do último ano do atual regulamento. Acredito até que a equipe suíça vá andar mais à frente que em 2024, graças à renovada dupla de pilotos […]. Mas é, no máximo para, eventualmente, brigar por pontos em algumas corridas”, escreveu Lopes.

FOTO: Carla Carniel/Reuters - 03.11.2024

Valtteri Botas pilotando o carro da Sauber no GP de São Paulo, em 2024

Antes do anúncio oficial da Sauber, a McLaren publicou em seu perfil no X que havia liberado o brasileiro do programa de pilotos para procurar novas oportunidades. Em entrevista coletiva dada no sábado (2), durante o Grande Prêmio de São Paulo, o chefe da McLaren, Andrea Stella, afirmou que não iria impedir Bortoleto de buscar uma vaga no grid da Fórmula 1. A equipe conta com o piloto britânico Lando Norris e o australiano Oscar Piastri como titulares. 

O tricampeão Max Verstappen disse em coletiva em Interlagos que já teria contratado Bortoleto anteriormente, principalmente pensando na mudança para 2026. “É sempre bom para se acostumar com uma equipe por um ano, cometer seus erros aqui e ali, se integrar bem, entender um pouco o carro. Você sempre se sente muito mais preparado e confortável”, afirmou o holandês. 

Brasileiros na Fórmula 1

A relação do Brasil com a Fórmula 1 teve início na segunda temporada da categoria, com a entrada do piloto Chico Landi em 1951. Sua melhor colocação foi um quarto lugar no GP da Argentina de 1956, a última prova que disputou na categoria e única vez em que pontuou. 

32

é o número de pilotos brasileiros que disputaram pelo menos uma prova na Fórmula 1 

Dos oito títulos mundiais de brasileiros, dois foram conquistados por Emerson Fittipaldi, em 1972 e 1974; três por Nelson Piquet, em 1981, 1983 e 1987; e três por Ayrton Senna, em 1988, 1990 e 1991. Além deles, Felipe Massa ficou a um ponto de conquistar o campeonato de 2008, vencido pelo britânico Lewis Hamilton.

Assim como no ranking de nações com mais títulos mundiais, o Brasil também fica na terceira colocação na lista de países com mais vitórias, com 101 triunfos. Reino Unido (315) e Alemanha (179) estão à frente. 

José Carlos Pace conquistou sua única vitória no GP do Brasil, em 1975. Já Rubens Barrichello e Felipe Massa contam com 11 primeiros lugares cada, entre as décadas de 1990 e 2010. Fittipaldi, Piquet e Senna contam, respectivamente, com 14, 23 e 41 vitórias na categoria. Rubinho foi o responsável pela vitória brasileira mais recente, no Grande Prêmio da Itália de 2009.

FOTO: Max Rossi/Reuters -

Os pilotos Jenson Button, Rubens Barrichello e Kimi Raikkonen no pódio do GP da Itália de 2009

Pilotos com potencial 

Dois brasileiros são pilotos de teste reservas de equipes da Fórmula 1: o paranaense Felipe Drugovich e o americano naturalizado brasileiro Pietro Fittipaldi – neto do bicampeão Emerson Fittipaldi. 

Drugovich é reserva da Aston Martin desde 2023, após ser campeão da Fórmula 2 no ano anterior, se tornando o primeiro brasileiro a conquistar o título na categoria. Ele ainda não disputou nenhuma corrida pela equipe britânica, mas participou de quatro treinos livres. O mais recente foi no GP do México, em 25 de outubro, quando substituiu Fernando Alonso. 

Já Pietro Fittipaldi foi anunciado pela Haas em 2019, após fazer boas campanhas em categorias paralelas, como a Fórmula Indy. O piloto brasileiro fez duas provas pela equipe americana no final da temporada de 2020, nos circuitos de Sakhir, no Bahrein, e de Abu Dhabi. 

Ele substituiu o franco-suíço Romain Grosjean após ficar com queimaduras nas mãos por causa de um acidente durante a primeira corrida no Bahrein – a pandemia fez com que a temporada de 2020 da Fórmula 1 tivesse dois GPs no país do Oriente Médio. 

FOTO: Hamad I Mohammed/Reuters - 12.12.2020

Pietro Fittipaldi pilotando o carro da Haas no GP de Abu Dhabi, em 2020

O irmão de Pietro, Enzo Fittipaldi, compete na temporada de 2024 da Fórmula 2. Atualmente, ele está na 13ª colocação no torneio. Ele também participou de testes na Fórmula E, competição de monopostos elétricos, neste ano.