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Como não deixar a leitura de lado depois da infância?

Célia Fernanda Lima

21 de dezembro de 2023(atualizado 06/02/2024 às 10h56)

Pesquisas mostram que crianças leem mais livros do que adultos e que o consumo diminui com o passar dos anos. Professores dizem que o exemplo dentro de casa é fundamental

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ARTIGO ORIGINAL

Como não deixar a leitura de lado depois da infância?

Lunetas

15 de Dezembro de 2023

Autoria: Célia Fernanda Lima

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FOTO: FREEPIK

Menina deitada lendo livro. Uma menina, de camiseta preta de manga comprida e com pontinhos brancos, está deitada no chão, com um travesseiro na cabeça e um animal de pelúcia ao lado. Ela está segurando um livro de páginas coloridas, com uma das mãos nas páginas

Menina deitada lendo livro

Ouvidos aguçados, brilho nos olhos e imaginação a mil. Assim ficam as crianças a cada contação de história ou leitura de um livro nos encontros do projeto Galho de Laranjeira – Histórias para Crianças Brasileiras, de Curitiba (PR). A literatura infantil já chegou a mais de 130 mil crianças de escolas públicas da cidade por causa do projeto. Mas fazer elas se interessarem pela leitura é uma missão contínua.

“Apresentar a literatura para as crianças requer um adulto mediador, que ame a leitura e tenha repertório. Ou seja, para incentivar alguém a ler , o mediador precisa ser um leitor”, diz o ator e diretor de teatro Vinícius Mazzon, idealizador do projeto, junto com a pedagoga Michelle Peixoto. Para ele, o sonho é transformar o Brasil em um país leitor e “apresentar a literatura para as crianças é uma tarefa fundamental, que precisa de treino, habilidade e amor”.

Esse sonho ainda é tarefa complicada, embora os primeiros resultados sejam animadores. Isso porque as crianças representam o público que mais lê no país em comparação aos adultos. É dos 5 aos 13 anos que mais se lê, segundo a edição mais recente da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil , feita pelo Instituto Pró-Livro a cada quatro anos. Nessa faixa etária, os pré-adolescentes (11 a 13 anos) estão no topo, seguidos das crianças de 5 a 10 anos. Os resultados mostraram que, quanto mais a pessoa cresce, o interesse pela leitura diminui.

Além disso, a pesquisa revela os motivos para a leitura. Entre as crianças, 48% dizem que a motivação é mesmo porque “gostam de ler”. Literatura infantil e as histórias em quadrinhos são os gêneros preferidos delas. No entanto, a mesma resposta cai para 17% entre as pessoas de 18 a 24 anos. Esses jovens apontam o “crescimento pessoal e a atualização cultural” como motivos para ler. Entre as principais respostas do porquê não leem com mais frequência, a falta de tempo é a de maior índice.

Preços dos livros prejudicam o hábito da leitura

Atualmente, apenas 16% dos brasileiros adultos compram livros, como revela o Panorama do Consumo de Livros , pesquisa da CBL (Câmara Brasileira do Livro), divulgado no início de dezembro. Os preços e a falta de uma livraria próxima de casa são as justificativas para o baixo consumo. Segundo a pesquisa, “pessoas com maior poder aquisitivo consideram o livro caro da mesma forma que pessoas com menor poder aquisitivo”. O ‘Panorama’ também traçou o perfil e hábitos desses compradores. Assim, o que se notou foi que as mulheres são maioria e a “classe C”, como define a pesquisa, é a que mais compra, representando 43%. Entre os consumidores totais, a maioria faz parte de clubes de leitura de livros infantis. Isso demonstra que, em grande parte, esses adultos compram livros para crianças.

Começar cedo pode melhorar o interesse

“Nem é preciso a criança nascer para a gente começar, na barriga mesmo , a contar uma história para criar um vínculo”, diz Antônia Ramos, professora itinerante do projeto Alfa Letrando, do município de Bragança (PA). Ela visita escolas da cidade e da área rural levando música, brincadeiras e contação de histórias para desenvolver a leitura entre os alunos. O objetivo também é a alfabetização e o letramento com a literatura infantil .

“Quando vou fazer uma contação de história, as crianças são os personagens e também participam de outras atividades, por exemplo, uma paródia, que elas escolhem a música e eu vou transcrevendo o que querem”, conta. Mãe de três, Ramos lembra que também usa estratégias lúdicas em casa. “Fazer roda de conversa sobre o que está lendo é muito importante para o vínculo afetivo. A leitura é, sim, uma atividade familiar , e às vezes é bom inserir todo mundo e não deixar a criança sozinha”, diz.

E a professora tem uma boa notícia para as famílias e para os adultos preocupados em formar bons leitores: a criança desenvolve o interesse pelos livros de maneira natural, sem imposição. Dessa forma, o melhor é oferecer os livros de um jeito que a criança veja que aquilo é algo especial. “O exemplo também é muito importante. Não posso pedir que o meu filho leia se eu nunca folheei um livro ou se ele me vê o tempo todo na TV e no celular ”, conclui.

Como estimular a leitura durante as férias?

Longe dos livros da escola, as crianças podem ter mais tempo para começar a ler algo diferente nas férias . A professora Antônia Ramos tem dicas para estimular o interesse pela leitura nesse período. As atividades envolvem passeios, filmes, brincadeiras e momentos em família, sempre. Confira:

  • Fazer roda de conversa sobre a história de algum livro
  • Visitar uma biblioteca
  • Brincar de declamar poemas
  • Fazer o próprio livro de receitas enquanto cozinham juntos
  • Comer pipoca e assistir um filme sobre algum livro

O Nexo possui acordo de republicação de conteúdos do portal Lunetas, de forma a ampliar o acesso e a distribuição de reportagens sobre o tema infância. Todos os direitos deste material são reservados ao Instituto Alana.

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