Externo

Por que admirar a natureza pode ajudar a saúde mental

Whitney Fleming

31 de julho de 2024(atualizado 31/07/2024 às 23h45)

Pesquisa comparou resultados que uma caminhada com foco em elementos naturais e outra em elementos artificiais tiveram no humor e nos níveis de ansiedade de 117 pessoas

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ARTIGO ORIGINAL

Simply looking at greenery can boost mental health – new research

The Conversation

11 de junho de 2024

Autoria: Whitney Fleming

Tradução: Ludmilla Rios

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FOTO: Amr Alfiky/ReutersMulhre toma sol sobre grama no Central Park, ao fundo arranha-céus

Central Park, em Nova York

Está se tornando cada vez mais claro que passar tempo em meio à natureza pode beneficiar a nossa saúde mental e bem-estar. Mas um novo estudo feito por mim e meus colegas mostra que você não precisa realmente estar na natureza para colher esses benefícios. Simplesmente direcionar seu olhar para elementos naturais, até mesmo no meio da cidade, pode melhorar seu bem-estar.

Nosso artigo, publicado na revista People and Nature, utilizou uma tecnologia de rastreamento para explorar como o foco em elementos naturais versus o foco em elementos artificiais pode afetar a saúde mental.

A vida urbana, com seu ritmo acelerado e altos níveis de estresse, tem sido associada a numerosos problemas de saúde mental, incluindo ansiedade e depressão.

Nossa equipe de pesquisadores, liderada por mim e composta por meus colegas Brian Rizowy and Assaf Shwartz, recrutou 117 adultos para o estudo. Os participantes foram aleatoriamente designados para um de três grupos: um que prestava atenção em elementos naturais, como árvores (grupo verde), um que prestava atenção em elementos artificiais, como prédios (grupo cinza), e um terceiro grupo, que prestava atenção em uma mistura dos dois (grupo misto).

Cada participante usava óculos de rastreamento especializados durante uma caminhada guiada de 45 minutos pela cidade e pelo campus. A rota incluía dez pontos de parada designados para enfatizar elementos naturais ou artificiais, dependendo do grupo.

Antes e depois das caminhadas, os participantes preenchiam formulários que avaliavam seu humor, seus níveis de ansiedade e as propriedades restaurativas da caminhada. Os formulários incluíam ferramentas e unidades de medida normalizadas, tais como o Panas (Positive and negative affect schedule — Cronograma de afeto positivo e negativo, em português), e o Stai (State-trait anxiety inventory — Inventário de ansiedade traço-estado, em português).

Os óculos de rastreamento registraram para onde os participantes olhavam durante a caminhada, o que permitiu aos pesquisadores quantificar o tempo gasto com o foco em elementos verdes (naturais) ou cinza (artificiais). De fato, a nossa técnica ofereceu uma forma de medida precisa e objetiva para o engajamento visual, reforçando a ligação entre a exposição à natureza e uma melhoria no bem-estar. Os dados confirmaram que cada grupo realmente passou mais tempo olhando para o cenário no qual pedimos que se concentrassem.

Os resultados foram impressionantes. Os participantes que estavam focados em elementos verdes relataram melhorias significativas no humor e reduções de ansiedade comparados com aqueles que focaram em elementos cinza. E eles mostraram maiores níveis de emoções positivas e menores níveis de ansiedade depois da caminhada. Além disso, relataram se sentir mais revigorados e rejuvenescidos.

Em contraste, o grupo cinza não mostrou essas melhorias, e o grupo misto teve resultados intermediários, o que sugeriu que até mesmo um foco parcial na natureza pode ser benéfico.

Implicações para o planejamento urbano

Esses achados têm implicações importantes para o planejamento urbano e práticas de saúde mental. Projetar espaços urbanos que incorporam elementos naturais e incentivam o envolvimento visual com a natureza poderia ajudar a reduzir a carga que a vida na cidade traz para nossa saúde mental.

Planejadores, por exemplo, poderiam priorizar espaços verdes, ruas arborizadas, parques e lagos que convidem as pessoas a fazer uma pausa e apreciar a beleza da natureza.

Os resultados poderiam também ser úteis para profissionais da saúde mental. Eles podem, por exemplo, incorporar exercícios de atenção guiada em suas sessões de terapia, encorajando seus pacientes a se concentrarem especificamente em elementos naturais durante caminhadas ou outras atividades ao ar livre. Essa estratégia simples e rentável poderia melhorar os tratamentos para ansiedade e depressão.

O estudo destaca a importância do envolvimento com a natureza, fornecendo evidências de que os benefícios da natureza para a saúde mental estão intimamente ligados a onde nós colocamos nossa atenção.

Para as pessoas comuns, esse estudo sugere um modo fácil de melhorar a saúde mental: passar mais tempo olhando para árvores, flores e outros elementos naturais. Seja durante um trajeto diário, uma caminhada no parque ou uma trilha de fim de semana, direcionar conscientemente o seu olhar para a natureza pode fazer uma diferença significativa em como você se sente.

Nossa pesquisa ressalta o potencial de ações simples e cotidianas terem impactos profundos na saúde mental. À medida que áreas urbanas continuam a crescer, integrar elementos naturais às paisagens e incentivar as pessoas a se engajarem visualmente com eles poderia desempenhar um papel crucial na melhoria do bem-estar da sociedade.

Whitney Fleming é palestrante da Escola de Ciências Ambientais e Naturais, da Bangor University, no País de Gales 

A seção “Externo” traz uma seleção de textos cedidos por outros veículos por meio de parcerias com o Nexo ou licenças Creative Commons.

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