Morre Francisco Weffort, ministro da Cultura de FHC
Da Redação
02 de agosto de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h16)Cientista político foi um dos fundadores do PT antes de se desligar do partido para integrar governo tucano
O professor e cientista político Francisco Weffort em entrevista à Univesp TV
Francisco Weffort, professor emérito de ciência política da USP (Universidade de São Paulo) que participou da fundação do PT em 1980 e foi ministro da Cultura pelos dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), morreu na noite de domingo (1), aos 84 anos, em decorrência de um infarto do miocárdio.A informação foi confirmada pelo hospital Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, onde Weffort estava internado. Ele deixa a esposa, a socióloga Helena Severo, e quatro filhas.
Nascido em Quatá, no interior de São Paulo, Weffort formou-se em ciências sociais na USP e passou a integrar o corpo docente da universidade em 1961. Após o golpe militar de 1964, deixou o país e lecionou em instituições estrangeiras, como oInstituto Latino-Americano de Planificação Econômica e Social, no Chile, e a Universidade de Essex, na Inglaterra. Na década de 1970, integrou o corpo de pesquisadores do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e foi um dos fundadores do Cedec (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Tornou-se livre docente da USP em 1977 e, no ano seguinte, publicou “O populismo na política brasileira”, obra influente na ciência política nacional.
Em 1980, Weffort participou da fundação do PT ao lado de intelectuais, sindicalistas, artistas, expoentes da Igreja Católica e militantes de esquerda que se opuseram à ditadura. Nos anos seguintes, foi eleito em posições de direção no partido, tornando-se secretário-geral nacional em 1983. Na eleição presidencial de 1994, ainda afiliado ao PT mas já afastado da direção do partido, Weffort apoiou a candidatura de Luís Inácio Lula da Silva contra FHC, candidato pelo PSDB. Depois da eleição de FHC, Weffort foi convidado a chefiar o Ministério da Cultura e aceitou o convite, desligando-se do PT. A decisão foi criticada à época por vozes da esquerda como Luís Fernando Veríssimo e Jânio de Freitas, que acusaram Weffort de se deixar cooptar por um projeto a que tinha feito oposição até então.
À frente do Ministério da Cultura, Weffort impulsionou o cinema nacional com a criação de um fundo de financiamento de R$ 20 milhões no setor, a assinatura de um acordo com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) garantindo recursos aos produtores cinematográficos, e a implementação da Lei do Audiovisual sancionada no governo Itamar Franco. Durante sua gestão, o percentual de filmes brasileiros na programação das salas de projeção passou de 1,2%, em 1992, para cerca de 25% em 2001. Weffort também promoveu mudanças na Lei Rouanet, de fomento à cultura, ampliando a dedução no imposto de renda de empresas que investissem em projetos culturais.
Em 2003, ao fim do segundo mandato de FHC na presidência, Weffort deixou de ser ministro e voltou a se dedicar à vida acadêmica. Foi professor visitante na Universidade de Notre Dame, na França, e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em 2007, recebeu o prêmio de Ensaio, Crítica e História Literária da Academia Brasileira de Letras pelo livro “Formação do pensamento político brasileiro: ideias e personagens”.Foi também fundador e presidente da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais).
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