Federal do RS vai discutir deposição de reitor nomeado por Bolsonaro
Da Redação
05 de agosto de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h16)Preterido pela comunidade acadêmica, Carlos André Bulhões é acusado de não acatar decisões do Conselho Universitário da UFRGS
Carlos André Bulhões, reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
O Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul vai discutir a deposição do reitor Carlos André Bulhões no dia 13 de agosto. Um parecer para o debate foi aprovado no dia 30 de julho e revelado pelo jornal O Globo nesta quinta-feira (5).
Bulhões foi nomeado reitor pelo presidente Jair Bolsonaro em setembro de 2020. Numa consulta à comunidade acadêmica da instituição, ele era o nome preterido, mas teve como apoiador o deputado Bibo Nunes (PSL-RS), aliado de Bolsonaro. O Conselho pede a deposição de Bulhões por uma suposta recusa do reitor em acatar as decisões do fórum interno.
O parecer ainda pede que seja instaurado pelo Ministério da Educação um Processo Administrativo Disciplinar contra o reitor, para apurar uma possível“responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido”. Bulhões nega qualquer infração e diz que está sendo perseguido por “questões ideológicas” do conselho, que seriam opositores da ideologia conservadora seguida por ele. Caso o Conselho Universitário vote pelo afastamento do reitor, a decisão precisa ser aprovada pelo Ministério da Educação e por Bolsonaro.
A nomeação de Bulhões faz parte de uma série de decisões do governo Bolsonaro que, em 2020, foram consideradas agressões às autonomias das universidades federais, como uma medida provisória que tentou autorizar, para o período da pandemia de covid-19, a nomeação de reitores pelo ministro da Educação sem uma eleição prévia pela própria instituição. O texto foi recusado pelo então presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), por violar a Constituição.
Desde o primeiro ano do governo Bolsonaro, cortes e contingenciamentos orçamentários nas universidades federais, alteração de critérios para a concessão de bolsas de pesquisa de acordo com afinidade ideológica com o bolsonarismo, além da campanha que o presidente e ministros promovem contra professores de instituições públicas, colocaram o Brasil nos monitoramentos internacionais que denunciam riscos à liberdade acadêmica no mundo.
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