Bolsonaro fala em ruptura se não ‘enquadrar’ ministros do STF
Da Redação
04 de setembro de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h20)Em motociata no interior de Pernambuco às vésperas do ato de 7 de setembro, presidente volta a atribuir ao Judiciário crise resultante de suas próprias investidas antidemocráticas
Jair Bolsonaro em frente ao Palácio da Alvorada
Às vésperas dos atos governistas marcados para 7 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar ministros do Supremo Tribunal Federal neste sábado (4) e citou a ruptura institucional como uma “tendência” diante de ações da corte, que tem reagido a investidas antidemocráticas do presidente e seus apoiadores.
As declarações ocorreram após uma motociata no agreste pernambucano, que teve como destino final a cidade de Caruaru. Como já se tornou recorrente nesses eventos , Bolsonaro discursou ao término do passeio insinuando que o Judiciário está avançando sobre suas prerrogativas e “extrapolando” suas funções, e que por isso seus membros precisam ser“enquadrados”. São falas que, na análise de cientistas políticos , reforçam um estilo retórico do presidente de distorcer fatos ao argumentar que a ruptura institucional parte de outros Poderes, e não do Executivo.
“O STF não pode ser diferente do Poder Executivo ou Legislativo. Se lá tem alguém que ousa continuar agindo fora das quatro linhas da Constituição, aquele Poder tem que chamar aquela pessoa e enquadrá-la, e lembrar-lhe que ele fez um juramento de cumprir a Constituição. Se assim não ocorrer, qualquer um dos três Poderes… A tendência é acontecer uma ruptura”
Os ataques de Bolsonaro são dirigidos aos ministros Alexandre de Moraes, relator de casos criminais que envolvem o presidente e seu entorno no Supremo, e a Luís Roberto Barroso , presidente do Tribunal Superior Eleitoral que age na linha de frente das reações contra as tentativas presidenciais de desacreditar sem provas o sistema eleitoral.Na sexta-feira (3) Bolsonaro já havia dito que as manifestações do dia 7 de Setembro seriam “ um ultimato ” para que os ministros do Supremo “entendessem o seu lugar”.
O presidente vem convocando seus apoiadores a participar de atos marcados para o Dia da Independência, que devem reunir bolsonaristas com pautas antidemocráticas sob a bandeira da “ liberdade ”. Diante do flerte presidencial com a ruptura institucional e dos riscos de violência nas ruas , há uma preocupação por parte dos governadores com o apoio escancarado de setores das polícias militares aos atos.
Os atos governistas ocorrem num contexto de queda de popularidade do governo, com empresários e banqueiros começando a reagir negativamente às investidas presidenciais em meio à piora das perspectivas econômicas , e com investigações apertando o cerco à família de Bolsonaro e seus apoiadores. Soma-se a isso o resultado das pesquisas de intenção de votos , que mostram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente de Bolsonaro na corrida eleitoral para 2022, quando o presidente deve tentar a reeleição.
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