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Ministério da Saúde recua sobre vacinação de adolescentes

Da Redação

16 de setembro de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h23)

Pasta volta atrás e passa a recomendar imunização apenas de jovens com comorbidades, diante de falta de novas doses. Estados dizem que não vão seguir orientação e pretendem continuar a vacinar todos os adolescentes

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FOTO: IVAN ALVARADO/REUTERS – 25.05.2021

Pessoa recebe injeção com dose de vacina contra a Covid no braço

Processo de vacinação contra a covid-19 em Santiago do Chile

O Ministério da Saúde publicou na noite de quarta-feira (15) uma nota informativa na qual desencoraja a vacinação de adolescentes com idade entre 12 e 17 anos que não tenham comorbidades.

A nota em questão contraria documento anterior de mesma natureza, no qual o Ministério da Saúde recomendava a vacinação de jovens a partir dos 15 anos, mesmo sem comorbidades. O primeiro documento é de 2 de setembro. O segundo saiu 13 dias depois, quando a orientação para vacinar todos os adolescentes entraria em vigor.

A nova nota diz que a vacinação, entre os jovens dessa faixa etária, deve ser concentrada naqueles que têm deficiências permanentes, comorbidades ou que estejam privados de liberdade. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (16), o ministro da Saúde Marcelo Queiroga disse que os adolescentes sem comorbidades que receberam a primeira dose da vacina devem ter a imunização suspensa e não receber a segunda aplicação. A declaração foi criticada por especialistas , que viram na orientação um revés para a vacinação no país.

Apesar do novo posicionamento do governo federal, os governos estaduais decidiram não seguir a recomendação e continuarão a vacinar adolescentes, disse à agência de notícias Reuters o presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde), Carlos Lula. Segundo ele, estados já iniciaram a vacinação dos jovens com a vacina da Pfizer, seguindo autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “O Conass e o Conasems [conselho de secretários municipais] solicitam imediato posicionamento da Anvisa sobre a autorização para uso da vacina em adolescentes”, diz ofício encaminhado por Luna à agência sanitária.

Na entrevista desta quinta (16), Queiroga disse que foram registrados 1.545 eventos adversos da vacinação entre adolescentes, sendo que 93% deles seriam de erros de vacinação — jovens que receberam outras vacinas que não a da Pfizer, única autorizada pela Anvisa para aplicação em adolescentes. Isso representa0,042% do total de 3,5 milhões de jovens na faixa etária já vacinados no país.

Há registro da morte de um adolescente na época em que ele foi vacinado em São Bernardo do Campo, região metropolitana em São Paulo. A vacina aplicada foi a Pfizer.Em nota, o governo de São Paulo classificou de “irresponsável” a disseminação de informações sobre o episódio que, de acordo com o Centro de Vigilância Epidemiológica do estado, está em investigação.

O recuo do Ministério da Saude sobre a vacinação de adolescentes está ligado ao fato de estarem faltando doses de vacinas em estados, apesar de o ministro Marcelo Queiroga ter afirmado na quarta-feira (15) que há “ excesso de vacinas ” no país. Outra medida que revela o descompasso sobre a entrega de imunizantes foi a decisão de manter o intervalo de 12 semanas entre as duas doses da AstraZeneca, em vez de reduzir para 8 semanas, como era esperado.

A ideia do Ministério da Saúde é que os jovens sem comorbidades componham o último grupo a ser vacinado. A medida cita como base o fato de a própria Organização Mundial da Saúde dizer que não é prioritária a vacinação de jovens saudáveis.

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