Rosa Weber suspende pagamento das emendas do relator
Da Redação
05 de novembro de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h30)Ministra do Supremo considerou que montantes vêm sendo liberados sem transparência ou critérios republicanos. Governo Bolsonaro tem usado mecanismo para conseguir apoio entre os parlamentares
Ministra Rosa Weber durante o julgamento do habeas corpus de Lula
A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta sexta-feira (5) a suspensão integral e imediata da execução das chamadas emendas de relator, até que a questão seja avaliada em definitivo pelo tribunal. O mecanismo, que permite ao relator do Orçamento federal no Congresso distribuir fatias desses recursos sem ter de revelar beneficiados ou critérios, tem sido central para o governo Jair Bolsonaro conseguir apoio do Congresso.
A decisão de Weber atende a pedidos dos partidos PSOL, Cidadania e PSB, que apontam a seletividade política na distribuição dessas emendas, e ocorre num momento em que o governo federal é criticado por ter empenhado (reservado no Orçamento, passo anterior à execução) R$ 1 bilhão em emendas do relator em apenas três dias, como contrapartida à aprovação da PEC dos precatórios, central para os planos do governo federal para 2022, ano eleitoral.
Em maio, o jornal O Estado de S. Paulo já tinha revelado que o governo Bolsonaro vinha usando essas emendas, em grande volume, para operar uma espécie de “ orçamento secreto ”, algo que tem sido comparado a esquemas como o do mensalão petista revelado em 2005.
R$ 18,5 bilhões
é o valor das emendas do relator no Orçamento de 2021, segundo o jornal Valor Econômico
Weber também determinou que sejam tornados públicos os documentos que embasaram a distribuição de recursos provenientes das emendas do relator nos Orçamentos de 2020 e 2021. Além disso, deverão ser adotadas medidas para que todas as demandas de parlamentares relativas à distribuição de emendas sejam registradas em plataforma eletrônica centralizada, mantida pelo órgão central do Sistema de Planejamento e Orçamento Federal.
“Causa perplexidade a descoberta de que parcela significativa do orçamento da União Federal esteja sendo ofertada a grupo de parlamentares, mediante distribuição arbitrária entabulada entre coalizões políticas”
Para o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), Weber não poderia ter interferido na liberação de recursos que compete ao Congresso. “A decisão da ministra Rosa Weber sobre RP9 [emendas do relator] é correta ao determinar a publicidade das emendas, mas avança na autonomia dos Poderes quando suspende novos pagamentos”, escreveu no Twitter.
Já o líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), comemorou a decisão. “O Orçamento público não pode ser usado para influenciar no resultado de votações no Parlamento, e nem ser manipulado secretamente”, disse Molon. Rosa submeteu sua decisão ao referendo do plenário do Supremo, em sessão extraordinária marcada para os dias 9 e 10 de novembro.
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