Governo gastou só 41% de verba para fiscalização ambiental
Da Reuters
01 de fevereiro de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h19)Em meio à maior taxa de desmatamento em 15 anos, dinheiro foi usado pelo Ibama para a compra de equipamentos em vez de operações de campo
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Área de floresta amazônica desmatada em Rondônia
O governo do presidente Jair Bolsonaro gastou menos da metade de seu orçamento para fiscalização ambiental em 2021, apesar do aumento na destruição da floresta amazônica. A análise dos gastos federais foi divulgada na terça-feira (1º), em relatório do Observatório do Clima, rede de organizações da sociedade civil.
Segundo o documento, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) usou só 41% dos R$ 219 milhões que haviam sido disponibilizados para a fiscalização, o que equivale a R$ 88,9 milhões. Em 2021, segundo dados de satélites do governo, o desmatamento da Amazônia atingiu o maior nível em 15 anos.
A maior parte do dinheiro não utilizado foi destinada a outros gastos do Ibama em 2022, como aquisição de equipamentos, em vez de financiar as operações de campo. Cerca de três quartos de seu orçamento geral de 2021, de R$ 1,8 bilhão, cobriram, principalmente, a folha de pagamento, pensões e outros gastos obrigatórios.
O Palácio do Planalto não quis comentar. O Ibama disse em comunicado que a forma mais adequada de mensurar os gastos públicos é por meio do valor comprometido, mesmo que o dinheiro ainda não tenha sido gasto. Suely Araújo, ex-diretora do Ibama e especialista em políticas do Observatório do Clima, disse que, embora a agência sempre repasse dinheiro para o ano seguinte, é incomum lançar tantos gastos à frente. Segundo a organização, os recursos poderiam ter sido gastos no combate direto ao desmatamento.
Bolsonaro critica frequentemente as leis ambientais, mas suavizou o tom em 2021 por pressão dos Estados Unidos e da Europa. Em uma cúpula do Dia da Terra organizada pelo presidente americano, Joe Biden, ele prometeu dobrar o orçamento para fiscalização ambiental. Nos três anos anteriores à posse de Bolsonaro em 2019, o Ibama gastou entre 86% e 92%, por ano, de seu orçamento de fiscalização.
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