Aras pede fim de inquérito contra Bolsonaro por vazar PF
Da Reuters
18 de fevereiro de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h21)Procurador-geral da República não viu irregularidades em divulgação de investigação da Polícia Federal sobre suposta tentativa de invasão hacker nos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral
Augusto Aras em sessão da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, em Brasília
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu nesta quinta-feira (17) ao Supremo Tribunal Federal o arquivamento de inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime ao divulgar, em uma transmissão ao vivo pela internet, informações de uma investigação da Polícia Federal sobre a suposta invasão a sistemas e bancos de dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).Para o procurador, o processo que trata da suposta invasão cibernética ao TSE não estaria sob sigilo quando foi divulgado por Bolsonaro e pelo deputado Felipe Barros (PSL-PR) e, portanto, não haveria crime.
Aras afirmou que deveria ter havido um procedimento específico para tornar o inquérito sigiloso. E que o segredo de Justiça no caso deveria ter sido conferido por decisão judicial, o que não ocorreu.
“Referidas cautelas deixaram de ser adotadas… a se concluir que o expediente não tramitava reservadamente entre a equipe policial, nem era agasalhado por regime de segredo externo ao tempo do levantamento, pelos investigados, de parte da documentação que o compõe ”, afirmou Aras em parecer enviado ao Supremo. Em entrevista à Jovem Pan News na quarta-feira (16), Bolsonaro também afirmou que a investigação vazada não era sigilosa.
O procurador-geral também respaldou a opção do presidente de não prestar depoimento na Polícia Federal, contrariando ordem do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes. Aras citou precedentes do próprio Supremo sobre o direito constitucional de não produzir provas contra si mesmo. No curso do processo, a Polícia Federal minimizou o fato de Bolsonaro não comparecer ao órgão para oitiva.
Ao contrário de Aras, a Polícia Federal imputou a Bolsonaro o crime de violação de sigilo funcional com dano à administração pública. O relatório foi tornado público no fim de janeiro pelo ministro Alexandre de Moraes. No entanto, a delegada responsável pelo caso, Denisse Ribeiro, não indiciou o presidente, porque considerou que a medida depende de autorização do Supremo.
No comando de inquéritos criminais que cercam familiares e apoiadores do presidente, Moraes já abriu diferentes frentes de investigação também contra Bolsonaro.As decisões do ministro respondem a pedidos da Justiça Eleitoral e da CPI da Covid diante da inação de Aras em fiscalizar o chefe do Executivo. Para isso, Moraes tem autorizado investigações sem consultar antes a procuradoria-geral da República. Uma dessas investigações é a do vazamento do inquérito da Polícia Federal, cujo arquivamento é agora pedido pelo chefe do Ministério Público.
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