Ministério da Defesa publica nota saudando golpe militar de 1964
Da Redação
31 de março de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h26)Ministro afirmou que movimento golpista ‘fortaleceu a democracia’ no país, ignorando censura, torturas, cassações e sequestros
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O ministro da Defesa, general da reserva Walter Braga Netto, dá posse aos novos comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, saudou o golpe de 1964 – que instituiu uma ditadura de 21 anos no país – nesta quinta-feira (31), aniversário de 58 anos do início do regime militar. Em ordem do dia direcionada às Forças Armadas, Braga Netto disse que o golpe – chamado por ele e pelo governo Bolsonaro de“Movimento de 64” – fortaleceu a democracia brasileira, ignorando censura, torturas e assassinatos promovidos pelos militares.
“Em março de 1964, as famílias, as igrejas, os empresários, os políticos, a imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil , as Forças Armadas e a sociedade em geral aliaram-se, reagiram e mobilizaram-se nas ruas, para restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil, por grupos que propagavam promessas falaciosas, que, depois, fracassou em várias partes do mundo. Tudo isso pode ser comprovado pelos registros dos principais veículos de comunicação do período”, diz o texto. O governo Bolsonaro tem saudado o golpe de 64 anualmente desde o primeiro ano do mandato , em 2019.
O texto lido por Braga Netto nesta quinta-feira, dia em que ele deixa o comando da pasta com a expectativa de ser vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro, diz ainda que “cinquenta e oito anos passados, cabe-nos reconhecer o papel desempenhado por civis e por militares, que nos deixaram um legado de paz, de liberdade e de democracia, valores estes inegociáveis, cuja preservação demanda de todos os brasileiros o eterno compromisso com a lei, com a estabilidade institucional e com a vontade popular”.
O Brasil passou por suas últimas eleições presidenciais antes da ditadura militar no ano de 1960. Jânio Quadros, do PTN (Partido Trabalhista Nacional) foi eleito presidente. João Goulart, do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), foi eleito vice.Diferentemente de hoje, naquela época as chapas não eram conjuntas. O eleitor poderia votar em um presidente de um grupo político e em um vice de outro. Era exatamente o caso de Jânio, conservador, e Jango – apelido de João Goulart -, ligado ao trabalhismo de Getúlio Vargas. Jango assumiu o Palácio do Planalto após uma crise política que culminou na renúncia de Jânio, em 1961. Na época, o Congresso aprovou uma emenda constitucional que instalou o parlamentarismo, limitando os poderes presidenciais. Em 1963, um plebiscito determinou o retorno ao presidencialismo.
Na década de 1960, a Guerra Fria ditava o debate político no mundo, tendo os Estados Unidos como líder do bloco capitalista e a União Soviética como líder do bloco comunista. A ilha caribenha de Cuba havia feito sua revolução em 1959.Em 13 de março de 1964, o então presidente defendeu as reformas em um comício na Central do Brasil, no Rio, diante de 200 mil pessoas. Setores conservadores consideravam as propostas “comunizantes”. Seis dias depois, em resposta ao comício na Central do Brasil, setores conservadores e entidades cívicas e religiosas convocaram a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em São Paulo. O protesto reuniu cerca de 500 mil pessoas, mobilizadas contra a “ameaça comunista” no Brasil.
Na madrugada de 31 de março de 1964, as tropas comandadas pelo general Olímpio Mourão Filho saíram de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro, onde estava o presidente João Goulart (1919-1976). Na mesma data, iniciou-se a Operação Brother Sam, um movimento da Marinha dos Estados Unidos para apoiar um golpe de Estado no Brasil.No dia 1º de abril de 1964, os militares tomaram o Forte de Copacabana, no Rio, para destituir o presidente. Jango viajou a Brasília e, na sequência, a Porto Alegre, onde o então deputado federal Leonel Brizola tentava organizar um movimento de resistência à deposição do presidente. No dia 2 de abril, Auro de Moura Andrade (1915-1982), presidente do Senado, declarou “vaga” a Presidência. Ranieri Mazzilli (1910-1975), presidente da Câmara dos Deputados, foi empossado interinamente, mas o poder ficou nas mãos do Comando Supremo da Revolução, formado por ministros militares. A ditadura durou 21 anos e deixou:
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