FOTO: REPRODUÇÃO/CORPO DE BOMBEIROS DO AMAZONAS

O Corpo de Bombeiros encontrou no domingo (12) uma mochila com pertences do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, no interior do Amazonas. O equipamento, que continha um cartão de saúde com o nome de Pereira, além de um notebook, roupas e livros dos dois, estava amarrada em uma árvore submersa e foi resgatada por mergulhadores. A dupla sumiu no dia 5 de junho, no Vale do Javari , enquanto viajava pela região para fazer uma reportagem, e não foi mais vista.

A Polícia Federal confirmou que os materiais encontrados são da dupla, corroborando relatos da equipe indígena que integrou as buscas.

A Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) informou ter encontrado uma nova embarcação no sábado (11) na área de busca. Ao site G1, o procurador jurídico da entidade, Eliésio Marubo, afirmou que o barco pode pertencer ao suspeito no envolvimento do desaparecimento, o pescador Amarildo da Costa Oliveira, preso no dia 7 de junho em Atalaia do Norte. Oliveira afirmou ter sido agredido e torturado por policiais ao ser preso .

Na sexta-feira (10), equipes de busca encontraram material orgânico “aparentemente humano” em um rio onde o jornalista britânico e o indigenista brasileiro desapareceram. O material está sob perícia na Polícia Federal. A área remota é uma rota de contrabando de cocaína vinda do Peru, além de madeireiros ilegais, garimpeiros e caçadores.

O domingo também foi marcado por um ato no Rio de Janeiro para cobrar empenho das autoridades brasileiras nas buscas. A manifestação na orla de Copacabana reuniu cerca de 50 pessoas, grande parte amigos e familiares da dupla. Os presentes levaram faixas, cartazes e camisas com dizeres “onde estão Dom Phillips e Bruno Pereira?”.

FOTO: PILAR OLIVARES/REUTERS

“Dom sempre tinha interesse não só pela notícia mas pelas vidas humanas. Muitos brasileiros deveriam estar preocupados com o que acontece na Amazônia, onde há um território imenso sob domínio de milícias, bandidos, pistoleiros e narcotraficantes. As autoridades públicas brasileiras têm o dever de oferecer resposta célere”

Antônio Carlos da Costa

Presidente da ONG Rio da Paz, em entrevista para a agência de notícias Reuters neste domingo (12)

“A dor é muito grande e ele era um filho, muito amado. Quando a gente soube da notícia, como o Bruno tinha muita experiência, a gente tinha esperança que eles tivessem fugido pela floresta ”, disse para a Reuters a sogra de Phillips, Maria Lúcia Sampaio. Ela acrescentou que no decorrer da semana “a gente foi perdendo esperança e hoje a gente já sabe que ele não está mais aqui”.

A primeira semana de buscas foi marcada por críticas em relação à lentidão do governo federal para agir no caso. O presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a chamar a viagem de“ aventura não recomendada ”.

O desaparecimento da dupla repercutiu globalmente. Políticos, ambientalistas, ativistas do direitos humanos, artistas e atletas vêm cobrando o governo brasileiro para que a operação de busca se intensifique. Segundo o site G1, novas testemunhas do caso devem depor nos próximos dias, e o governo federal tem de apresentar até quarta-feira (15) um relatório ao Supremo Tribunal Federal com todas as providências adotadas na apuração do caso.

ESTAVA ERRADO: A versão anterior deste texto dizia que Dom Phillips e Bruno Pereira estão desaparecidos desde 5 de maio. Na verdade, eles estão desaparecidos desde 5 de junho. A informação foi corrigida às 7h30 do dia 14 de junho de 2022.

Continue no tema

• Expresso : As pressões no Vale do Javari
• Explicado : A disputa por terras indígenas
• Expresso : Quem são os indígenas isolados