Bolsonarista invade festa e mata petista em Foz do Iguaçu

Da Redação

10 de julho de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h35)

Marcelo Arruda era líder local do PT e comemorava aniversário em evento com tema do partido. Testemunhas disseram que suspeito ofendeu presentes e gritou ‘aqui é Bolsonaro’ antes de atirar contra a vítima

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FOTO: ANDRÉ ALLIANA/REPRODUÇÃO FACEBOOK

Marcelo Arruda em sua festa de aniversário de 50 anos

O guarda municipal Marcelo Arruda, um dos líderes do PT em Foz do Iguaçu (PR), foi morto a tiros na madrugada de domingo (10), na sua festa de aniversário de 50 anos, cujo tema era o partido e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O autor dos disparos, o agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho, invadiu a festa, que ocorria na Associação Esportiva de Saúde Física Itaipu, clube do qual ele é diretor. O crime ocorreu pouco após Guaranho passar de carro ameaçando os presentes. Segundo testemunhas , nesse primeiro momento o agente penitenciário ofendeu os convidados e gritou palavras de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele e Arruda discutiram. Guaranho bateu em retirada, mas disse que voltaria.

Após a primeira confusão, quando Guaranho já tinha ido embora, Arruda foi buscar sua arma no carro. O agente penitenciário voltou armado e, segundo Pamela Suellen Silva, viúva do guarda municipal, começou a atirar a esmo . O vídeo de uma câmera de segurança do clube mostra o momento em que o agente penitenciário invadiu o local. Ele atira contra Arruda, que cai. Do chão, o petista dispara contra o invasor.

Guaranho foi baleado e que está internado na UTI de um hospital de Foz do Iguaçu. A polícia investiga a motivação do crime. Nas redes sociais , o agente penitenciário ostentava uma série de publicações e fotos saudando Bolsonaro, se declarando cristão e conservador, e defendendo o porte de armas.

Arruda era tesoureiro local do PT e foi candidato a vice-prefeito da cidade em 2020. Ele deixa a mulher e quatro filhos, um deles bebê.

Essa foi a foto que fiz com o Marcelo Arruda, minutos antes dele ser assassinado por um cara que gritava o nome do atual presidente. O motivo: sua festa era temática do PT e do Lula. Estamos arrasados. O Brasil não pode continuar assim. pic.twitter.com/5VewT8zAl4
— Luiz é Lula em Foz (@LuizdoPT) July 10, 2022

O partido repercutiu o caso. “Mais um querido companheiro se foi nessa madrugada, vítima da intolerância, do ódio e da violência política”. A nota diz ainda que “desde o começo do ano, quando lançou uma Campanha Nacional contra a Violência Política, o PT vem alertando a sociedade brasileira e as autoridades dos vários Poderes da República para a escalada de perseguição a parlamentares, filiados e filiadas, militantes de movimentos sociais e de outros partidos de esquerda e o crescimento da violência política no país”.

No Twitter, o ex-presidente Lula se pronunciou sobre o caso. Ele expressou solidariedade às famílias de Arruda e Guaranho, que inicialmente foi dado como morto pela Polícia Civil.“Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda”, escreveu Lula.

Nosso companheiro Marcelo Arruda comemorava o seu aniversário de 50 anos com a família e amigos, em paz, em Foz do Iguaçu. Filiado ao Partido dos Trabalhadores, sua festa tinha como tema o PT e a esperança no futuro; com a alegria de um pai que acabou de ter mais uma filha.
— Lula (@LulaOficial) July 10, 2022

O ex-presidente e pré-candidato à Presidência pediu “compreensão e solidariedade com os familiares de José da Rocha Guaranho, que perderam um pai e um marido para um discurso de ódio estimulado por um presidente irresponsável”.

Além de Lula, outros pré-candidatos à Presidência ser manifestaram. Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e André Janones (Avante) lamentaram a tragédia.

Bolsonaro foi o último a se manifestar, em uma mensagem às 19h15 nas redes sociais. Ele disse que“dispensa qualquer apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda”. Ele não dirigiu qualquer mensagem à família da vítima.

- Independente das apurações, republico essa mensagem de 2018:

Dispensamos qualquer tipo de apoio de quem pratica violência contra opositores. A esse tipo de gente, peço que por coerência mude de lado e apoie a esquerda, que acumula um histórico inegável de episódios violentos.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 10, 2022

NOTA DE ESCLARECIMENTO: A Polícia Civil informou em um primeiro momento que Jorge Guaranho tinha morrido. Na verdade, ele foi internado na UTI, como corrigiu a própria polícia de Foz de Iguaçu depois. Este texto foi atualizado às 17h35 do dia 10 de julho de 2022.