Congresso aprova LDO sem obrigação de ‘orçamento secreto’
Da Redação
12 de julho de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h35)Regras para as diretrizes orçamentárias de 2023 não tornam impositivas as emendas de relator, usadas desde 2020 pelo governo Bolsonaro para obter apoio parlamentar. Texto precisa ser sancionado
Painel eletrônico da Câmara dos Deputados mostra os esultados da votação de vetos a projetos, entre eles o da LDO de 2023
O Congresso aprovou nesta terça-feira (12) o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2023. O texto, que não impõe obrigatoriedade para as emendas de relator, recebeu 324 votos favoráveis e 110 contrários na Câmara. No Senado, o placar foi de 46 a 23. Os partidos PT, PC do B, PSB, PSOL, Rede e Novo orientaram suas bancadas a votar contra a proposta. Antes de entrar em vigor, ela ainda precisa ser sancionada por Jair Bolsonaro.
Inicialmente, o relator, senador Marcos do Val (Podemos-ES), tornava a distribuição de verbas a parlamentares por meio das emendas de relator obrigatórias para 2023. A falta de regras relacionadas a esse mecanismo e a dificuldade para identificar qual parlamentar indicou a aplicação de cada emenda fizeram com que ele ficasse conhecido como “orçamento secreto”. Desde 2020, ele tem sido usado pelo governo Bolsonaro para conseguir apoio no Congresso.
O relator mudou de ideia sobre as emendas após a repercussão negativa de uma entrevista sua publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo na quinta-feira (8). Ao jornal, o senador afirmou que recebeu R$ 50 milhões do “orçamento secreto” após ter apoiado a candidatura de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à presidência do Senado em fevereiro de 2021. Sem a obrigação das emendas de relator, permanecem impositivas em 2023 somente as emendas individuais e de bancada.
Embora as emendas de relator não sejam obrigatórias, cálculos preliminares apontam que até R$ 19 bilhões do Orçamento serão destinados a essa finalidade em 2023. No entanto, o valor exato não é definido pela da Lei de Diretrizes Orçamentárias, mas pelo Orçamento, cuja proposta o Planalto deve enviar ao Congresso até 31 de agosto.
A LDO aprovada nesta terça (7) determinaque as indicações das emendas do “orçamento secreto” não são mais de competência exclusiva do relator-geral do Orçamento. Em 2023, ele dividirá essa responsabilidade com o presidente da Comissão Mista de Orçamento. Outro ponto incluído no texto é um dispositivo que permite o pagamento de “transferências especiais”, que seriam um repasse direto de recursos da União para estados e municípios.
NEWSLETTER GRATUITA
Enviada à noite de segunda a sexta-feira com os fatos mais importantes do dia
Gráficos
O melhor em dados e gráficos selecionados por nosso time de infografia para você
Navegue por temas