PF faz operação contra empresários que defenderam golpe
Da Redação
23 de agosto de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h39)Com mandados autorizados por Alexandre de Moraes, agentes fazem busca e apreensão em endereços de figuras que diziam apoiar ruptura caso Lula vença Bolsonaro nas eleições. Mensagens vieram a público em reportagem do portal Metrópoles
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O empresário Luciano Hang, dono da Havan
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (23) uma operação de busca e apreensão no endereço de oito empresários bolsonaristas que compartilharam mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp. Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes no dia 19 de agosto, dois dias depois de as mensagens virem a público em uma reportagem do portal Metrópoles .
Coube a Moraes aprovar a ação porque ele é o relator do inquérito das fake news, que apura a atuação de milícias digitais e o financiamento de atos antidemocráticos contra a democracia e as instituições de Estado.Além das buscas, o ministro do Supremo também determinou o bloqueio das contas bancárias dos empresários, a suspensão de seus perfis nas redes sociais, a quebra de sigilo bancário e a tomada de seus depoimentos.
Os alvos da operação desta terça-feira (23) são:
As mensagens obtidas pelo Metrópoles foram extraídas de um grupo chamado Empresários & Políticos. Ali, empresários chegaram a dizer que preferiam “um golpe de Estado” do que o retorno do PT ao poder, em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de outubro.
Os empresários também defendem uma interferência das Forças Armadas no processo político e chegam a discutir a possibilidade de dar um bônus para os funcionários que votarem em Bolsonaro.
As mensagens foram trocadas em um contexto em que o presidente dissemina desinformação a respeito das urnas eletrônicas e ataca a credibilidade das eleições, em meio a um clima de radicalização de seus apoiadores.O roteiro é semelhante ao que fez o ex-presidente dos EUA Donald Trump em 2020, quando questionou os resultados da eleição que perdeu para Joe Biden e incitou seus seguidores a invadirem o Congresso americano.
Bolsonaro aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, e seus ataques ao pleito foram alvo de articulações da sociedade civil e de empresários em defesa do sistema eleitoral brasileiro.
“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo ”
“O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro”
“O golpe teria que ter acontecido nos primeiros dias de governo.[Em] 2019 teríamos ganhado outros 10 anos a mais”
Após a operação desta terça-feira (23), Barreira Filho, do Coco Bambu, divulgou uma nota afirmando ser contra“qualquer conduta que não seja institucional e democrática”. Luciano Hang, da Havan, afirmou ao jornal Folha de S.Paulo que está ao lado da “ democracia, liberdade, ordem e progresso ”. Koury, do Barra World Shopping, disse que os empresários não são “conspiradores nem a favor de nenhum golpe”, e que as “mensagens foram obtidas em um grupo de privado de amigos do WhatsApp e foram deturpadas em seu sentido e contexto”. Outros alvos da operação, como Raymundo, da Mormaii, já haviam feito declarações semelhantes quando a reportagem do Metrópoles foi publicada.
Essa não foi a primeira operação autorizada por Alexandre de Moraes para investigar a participação de empresários em atos antidemocráticos. Em agosto de 2021, o ministro do Supremo deu sinal verde a um pedido da Polícia Federal para cumprir mandados de busca e apreensão na casa de empresários e caminhoneiros que planejavam fechar estradas e invadir o tribunal, alvo costumeiro de ataques do presidente.
Diante do acirramento da crise institucional, Bolsonaro convocou seus apoiadores para uma manifestação em 7 de setembro. Chegou a ameaçar as eleições, atacou ministros do Supremo, pôs tanques para desfilar em Brasília no dia em que a Câmara votaria (e derrubaria) a proposta do voto impresso.
Nos atos de 7 de setembro daquele ano, o presidente chamou Moraes de “canalha” e que não obedeceria mais a ordens do ministro, que é relator de uma série de investigações contra Bolsonaro e seu entorno. Dois dias depois após atiçar a militância, Bolsonaro voltou atrás e publicou uma carta em que afirmou“não querer agredir os outros Poderes” e que suas falas foram algo “do calor do momento”.
Bolsonaro também quer capitalizar politicamente as comemorações 7 de setembro de 2022, data do bicentenário da Independência , mas não tem atacado o Tribunal Superior Eleitoral nem o Supremo em suas convocações. Entre os atos previstos, está um desfile no Rio de Janeiro com participação do presidente e das Forças Armadas.
Nesta segunda-feira (22), em entrevista aoJornal Nacional, da TV Globo, Bolsonaro se comprometeu a respeitar o resultado das eleições caso perca a votação, “ desde que ela seja limpa ”. Sobre Moraes, afirmou tê-lo ofendido após porque a “temperatura subiu” por que ele vinha sendo “perseguido o tempo todo” pelo ministro, mas que “hoje, pelo que tudo indica, está pacificado”.
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