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Lula cita corrupção na Petrobras, mas aponta abusos da Lava Jato

Da Redação

25 de agosto de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h40)

Em entrevista ao Jornal Nacional, ex-presidente também admitiu erros econômicos de Dilma. A todo momento candidato do PT exaltou Alckmin, vice em sua chapa, destacando que parceria traz credibilidade para governar e mostra boa convivência política

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FOTO: REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo

Candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo

Terceiro candidato a participar da série de entrevistas ao vivo do Jornal Nacional, da TV Globo, Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (25) que não pode dizer que não houve corrupção em seu governo “porque as pessoas confessaram”, referindo-se aos delatores da Lava Jato, que investigou desvios na Petrobras, maior estatal do país.

O candidato petista ao Palácio do Planalto também admitiu erros econômicos de sua sucessora a afilhada política, Dilma Rousseff. E aproveitou os 40 minutos de entrevista para exaltar seu vice, o ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB) sempre que possível. Panelaços e outras manifestações a favor e contra o petista foram registrados em várias cidades brasileiras.

A entrevista foi marcada por acenos de Lula, um líder esquerda, ao centro político. Ela começou com uma pergunta sobre corrupção, diante do fato de que os governos petistas passaram pelos escândalos do mensalão e dos desvios na Petrobras. O apresentador Willian Bonner lembrou que Lula teve as condenações anuladas na Lava Jato e perguntou o que o petista faria de diferente para que as denúncias de corrupção na estatal não se repetissem.

O ex-presidente disse que foi “massacrado” pela Lava Jato e pela imprensa. Ele exaltou as leis de transparência e combate à corrupção aprovadas em seu governo e disse que deu independência para o Ministério Público e para a Polícia Federal. “Não há hipótese de alguém cometer qualquer crime sem ser investigada e julgada. É assim que se combate corrupção”, disse o petista. “O equívoco da Lava Jato foi que ela ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política.” O ex-presidente usou a resposta para criticar seu principal adversário, Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL – o presidente é acusado de minar a independência dos órgãos de investigação.

Lula foi questionado de novo sobre as denúncias da Lava Jato, e respondeu: “Você não pode dizer que não houve corrupção, porque as pessoas confessaram”. O petista fez referência aos delatores, que admitiram crimes, apontaram outros envolvidos e recebem benefícios da Justiça. Ele criticou esses benefícios, dizendo que os delatores ficaram com parte do dinheiro que desviaram.

O ex-presidente também criticou o impacto da Lava Jato na economia. Trata-se de um assunto controverso. Há economistas que apontam a operação como responsável pelo agravamento da crise econômica entre 2014 e 2016. Há economistas que dizem que a indústria da construção civil pararia com ou sem a operação.

Lula não se comprometeu a seguir a lista tríplice do Ministério Público para a escolha do procurador-geral da República. Nos governos petistas, essa lista, elaborada pelos próprios procuradores, sempre foi seguida. Quem quebrou a tradição foi Bolsonaro. “Quero que fiquem com uma pulguinha atrás da orelha. Primeiro quero vencer as eleições. Não quero amigo, quero pessoas competentes, pessoas republicanas que pensem no povo.”

O ex-presidente aproveitou ainda para criticar o “orçamento secreto”, esquema de distribuição de verbas pouco transparente turbinado durante o governo Bolsonaro.

Durante todo o tempo, Lula citou Alckmin, mesmo quando o vice de sua chapa não era o assunto principal. Disse que é importante “estar junto com diferentes para vencer os antagônicos, os fascistas”. Ele repetiu que a ideia é juntar a própria experiência com a experiência do ex-governador paulista. O petista usou Alckmin como exemplo da polarização anterior do Brasil, em que os políticos, segundo ele, eram “adversários”, e não “inimigos”. Lula disse que polarização sempre existe, só não existe em regimes de partido único. “Não tem polarização no partido comunista chinês, não tem polarização no partido comunista de Cuba.”

Quando a entrevista caminhou para o tema da economia, Lula disse que pretende governar com “credibilidade, previsibilidade e estabilidade”. “Nunca antes na história do Brasil teve chapa como Lula e Alckmin para ganhar credibilidade”, afirmou o candidato, aproveitando a deixa para incluir de novo o ex-tucano no assunto.

Lula admitiu que Dilma errou ao segurar o preço dos combustíveis e ao dar desonerações em excesso aos empresários. Ambos erros já foram admitidos pela equipe econômica da ex-presidente. Ela mesmo já disse que errou ao exagerar nas desonerações de impostos.

O ex-presidente afirmou também que parte do agronegócio atua contra o meio ambiente. “O agronegócio que é fascista e direitista [quer desmatar]. O agronegócio que exporta não quer desmatar”, afirmou.

Além de Lula, Bolsonaro e Ciro Gomes, do PDT, já falaram ao Jornal Nacional. Nesta sexta-feira (26) é a vez da candidata do MDB, Simone Tebet.

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