Extra

Padre Júlio Lancelotti quebra pedras ‘antipobres’ em São Paulo

Da Redação

12 de dezembro de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h51)

Grupo de voluntários usou marretas para retirar blocos instalados em biblioteca municipal. Religioso cobra a sanção presidencial de lei que proíbe uso de ‘arquitetura hostil’ para afastar pessoas em situação de rua

O Nexo depende de você para financiar seu trabalho e seguir produzindo um jornalismo de qualidade, no qual se pode confiar.Conheça nossos planos de assinatura.Junte-se ao Nexo! Seu apoio é fundamental.

Temas

Compartilhe

FOTO: RODRIGO JALLOUL

Fotografia do Padre Lancelotti e Rodrigo Jalloul duarante ação de quabrar pedras na Biblioteca Cassiano Ricardo

Padre Lancelotti e o voluntário Rodrigo Jalloul na fachada da Biblioteca Cassiano Ricardo

O padre Júlio Lancelotti,coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo, quebrou junto com voluntários nesta segunda-feira (12) blocos de concreto e pedras instalados ao redor da biblioteca municipal Cassiano Ricardo, no bairro do Tatuapé, em São Paulo. Foi um protesto contra o uso de técnicas de construção que afastam propositalmente pessoas em situação de rua – a chamada arquitetura hostil . Lancelotti cobra a sanção presidencial sobre um projeto de lei que proíbe a prática.

Apelidada de Lei Padre Júlio Lancelotti, a proposta foi aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado em novembro. o projeto de lei de número 488/21 altera o Estatuto das Cidades e estabelece a proibição do uso da arquitetura hostil em espaços livres e de uso público. O prazo para que o presidente Jair Bolsonaro sancione o texto, colocando-o em vigência, termina na penúltima semana de dezembro.

Para Lancelotti, a arquitetura hostil é uma manifestação da aporofobia, nome dado ao medo ou aversão às pessoas pobres. Pedras, cercas, blocos de concreto, lanças e outros objetos são instalados em calçadas e locais abertos para impedir que os espaços sejam usados para o descanso. Para críticos como o religoso, essas intervenções tornam o ambiente urbano excludente , por inibir o uso da cidade por populações vulneráveis.

No centro de São Paulo, onde se concentra a população em situação de rua da cidade, é comum o uso desse tipo de técnica. Em setembro, a praça Princesa Isabel, conhecida por concentrar pessoas em situação de sua e dependentes químicos, foi cercada . A mesma medida foi adotada em dezembro na praça Marechal Deodoro, próxima ao viaduto do Minhocão.

O número de pessoas em situação de rua no Brasil teve um crescimento de 38% na pandemia de covid-19, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Os dados de 2019 a 2022 mostram um aumento significativo dessa população em razão do aumento do desemprego e outros problemas econômicos, e se contrasta com a carência de políticas públicas voltadas para esse público.

Continue no tema

NEWSLETTER GRATUITA

Nexo | Hoje

Enviada à noite de segunda a sexta-feira com os fatos mais importantes do dia

Este site é protegido por reCAPTCHA e a Política de Privacidade e os Termos de Serviço Google se aplicam.

Gráficos

nos eixos

O melhor em dados e gráficos selecionados por nosso time de infografia para você

Este site é protegido por reCAPTCHA e a Política de Privacidade e os Termos de Serviço Google se aplicam.

Navegue por temas