Lula diz que sociedade não deveria saber voto de ministro do STF
Da Redação
05 de setembro de 2023(atualizado 28/12/2023 às 22h07)Presidente defende sigilo de posicionamentos individuais para reduzir ‘animosidade’ com tribunal. Dino diz que debate é válido mas não urgente. Fala vem após Zanin ser criticado por base de apoio
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Sessão plenária do Supremo Tribunal Federal, presidida pela ministra Rosa Weber
Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (5) que os votos individuais de ministros do Supremo deveriam ser sigilosos como forma de conter a “animosidade” da sociedade com o tribunal.
O presidente justificou a opinião citando episódios de hostilidade a membros da corte. A fala, feita em seu programa semanal,ocorre também após Cristiano Zanin, recém-indicado por Lula, ser alvo de críticas da base de apoio do próprio petista.
“Se pudesse dar um conselho, a sociedade não tem que saber como vota um ministro da Suprema Corte. […] Votou a maioria, não precisa ninguém saber. Porque aí cada um que perde fica com raiva, cada um que ganha fica feliz. […] Do jeito que vai, daqui a pouco um ministro da Suprema Corte não pode mais sair na rua”
Advogado de Lula na Lava Jato, Zanin assumiu como ministro do Supremo em agosto. Desde então, entre outros casos, foi o primeiro do tribunal a votar contra a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal e o único a ir contra a equiparação dos crimes de homofobia e transfobia ao de injúria racial. O Nexo mostrou como esses posicionamentos geraram críticas na esquerda a Zanin e a Lula. O presidente vai indicar mais um ministro do Supremo em breve, com a aposentadoria de Rosa Weber em setembro.
Casos de hostilidade contra ministros se intensificaram durante o governo de Jair Bolsonaro, que atacava o tribunal com frequência e em várias ocasiões incentivou seus apoiadores a fazer o mesmo. Um episódio recente ocorreu em julho no aeroporto de Roma, na Itália, quando bolsonaristas xingaram a família de Alexandre de Moraes, responsável por relatar investigações que atingem o ex-presidente e sua base. Imagens de uma câmera de segurança no local foram recebidas nesta segunda-feira (4) pelo Ministério da Justiça, que apura suspeita de agressão, como registrou a rede CNN Brasil.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, foi questionado por jornalistas nesta terça-feira (5) após a fala de Lula e disse que o debate sobre sigilo no Supremo “é válido”, ainda que não seja “para amanhã”, como relatou o jornal Folha de S.Paulo. Ele evocou o sistema americano, que funciona de um jeito diferente do brasileiro. Ainda assim, nos EUA é possível saber como cada ministro se posicionou em relação ao resultado do julgamento.
Na transmissão, Lula não defendeu propostas concretas para mudar o funcionamento do Supremo. A publicação do posicionamento de ministros busca ampliar a transparência da mais alta corte do país. Essa visibilidade aumentou na última década com a criação da TV Justiça em 2002, que passou a transmitir julgamentos. Casos importantes, como o mensalão e a Lava Jato, deram destaque ao tribunal na opinião pública, como mostrou o site G1.
Especialistas em direito ouvidos pelo Nexo em julho citaram o canal público como um elemento que também pode contribuir para ministros do Supremo buscarem “os holofotes” e se envolverem mais em debates políticos-eleitorais.
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