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O que você sabe sobre a inflação brasileira?

Marcelo Roubicek

09 de abril de 2021(atualizado 29/12/2023 às 12h49)

Neste quiz, o ‘Nexo’ desafia seus conhecimentos sobre os índices e o histórico de variação de preços no Brasil

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FOTO: PILAR OLIVARES/REUTERS – 10.MAI.2019

Um homem de regata e mochila está em frente ao açougue de um supermercado. Na vitrine, há diversas carnes expostas. Atrás do balcão, há um atendente. Pendurados no teto estão cartazes com os preços das carnes, em letras enormes.

Homem compra carne em supermercado no Rio de Janeiro

Todos os meses, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga os movimentos do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). O índice é o principal instrumento usado na mensuração da inflação no Brasil.

A inflação ocorre quando há aumento generalizado dos preços . Ou seja, é o fenômeno que acontece quando há alta do nível médio de preços da economia de um lugar – seja cidade, estado, região ou país. A inflação é algo comum: é normal que os preços subam ao longo do tempo.

A inflação pode ocorrer em diferentes magnitudes: desde um aumento de 1% dos preços em um ano, até a hiperinflação, que ocorre quando a inflação aumenta de forma descontrolada e chega a níveis muito elevados, como ocorreu no Brasil nos anos 1980 e 1990 .

Por causa do passado (não tão distante) hiperinflacionário, o comportamento dos preços é um assunto que costuma receber atenção e ocupar manchetes no Brasil. Em 2021, não é diferente: os preços vêm em trajetória de alta desde o segundo semestre de 2020, e são um dos fatores que ajudam a pressionar a situação de crise econômica do país .

Neste quiz, o Nexo faz oito perguntas sobre a inflação brasileira, dos índices usados para medir a variação de preços aos eventos que marcaram a política de controle da inflação no país. Faça o teste:

1

O principal índice que mede a inflação é o IPCA. Como ele é construído?

Resposta:

A
variação do IPCA define a inflação para consumidores com renda entre 1 e 40 salários mínimos. Para isso, mede os movimentos de preços de centenas de produtos todo mês, entre o
dia 1º e o dia 30, em diferentes áreas urbanas do Brasil. O IBGE também produz o IPCA-15, que faz a mesma conta, mas do dia 16 de um mês até o dia 15 do dia seguinte. Os produtos que entram na conta do índice de inflação são escolhidos pelo IBGE
com base na
Pesquisa de Orçamentos Familiares
(POF) – feita pelo próprio IBGE –, que revela onde os brasileiros
estão gastando seu dinheiro. Todo o espectro das despesas das famílias é abordado. A pesquisa detalha desde os alimentos consumidos até os gastos com recreação e roupas.

2

Há vários índices diferentes que medem a inflação no Brasil. Qual alternativa aponta corretamente a sigla de um índice de variação de preços?

Resposta:

Os preços de diferentes produtos podem variar de maneiras divergentes em um período. Por seu efeito heterogêneo, a inflação acaba atingindo pessoas com diferentes cestas de consumo de forma desigual. Os
diversos índices de inflação são compostos por cestas pensadas para medir a inflação percebida por um grupo específico. O
IGP-M (Índice Geral de Preços, produzido pela Fundação Getulio Vargas), por exemplo,
combina índices de preços ao produtor, ao consumidor e ao setor de construção, e foi concebido para trazer uma
visão abrangente da variação de preços no país. Ele é usado comumente como índice para reajuste de aluguéis.

3

Qual índice é usado para corrigir o salário mínimo?

Resposta:

O IPCA é o principal índice de inflação no Brasil, mas não é ele que é usado para reajustar o salário mínimo. O índice utilizado para isso
é o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), produzido também pelo IBGE. O foco do INPC são as famílias de baixa renda. Ele mede o aumento no custo de vida para famílias cuja renda está
entre um e cinco salários mínimos. Para essas famílias, serviços e produtos básicos – como alimentos – têm maior peso na cesta de consumo. Justamente por identificar melhor o aumento do custo de vida para a faixa da população com menor renda é que o INPC é usado no cálculo do reajuste do salário mínimo. Por lei, o reajuste deve ser ao menos igual à variação do índice.

4

Qual nome é dado ao fenômeno de queda geral no nível de preços?

Resposta:

Esse fenômeno é
chamado de deflação. Nem sempre que há uma queda pontual no índice de preços isso significa que há deflação. Para que um quadro de preços de um país seja
considerado deflacionário, é necessário que a queda de preços tenha uma certa persistência no tempo. Da mesma forma, um processo deflacionário só se consolida quando há uma redução generalizada dos preços na economia, e não só em alguns poucos produtos. A desinflação, por sua vez, ocorre quando há uma queda na inflação em si; continua havendo um aumento dos preços, mas a uma taxa menor do que no período anterior. Se, por exemplo, a inflação é de 10% em um período e de 6% no período seguinte, houve desinflação. Já o termo
estagflação é usado para descrever períodos de inflação alta e atividade econômica estagnada.

5

Pela série do IPCA iniciada em 1980, qual foi o ano com maior registro de inflação no Brasil?

Resposta:

O Brasil passou nas décadas de 1980 e 1990 por um período de hiperinflação, que trouxe
instabilidade econômica e contribuiu para a turbulência política do país nos primeiros anos do novo regime democrático. Entre 1980 e 1982, a inflação no Brasil ficava na casa dos 100% ao ano. Isso significa que as coisas, em média, dobravam de preço a cada doze meses. Mas esses índices, que hoje parecem absurdos, eram só o início do problema que estava por vir. Em 1989, a variação do IPCA foi de quase 2.000% no ano. Mas esse sequer foi o pior ano da inflação brasileira.
Em 1993, a inflação foi de 2.477%. Ou seja, os preços foram praticamente
multiplicados por 26 entre o começo de janeiro e o fim de dezembro daquele ano.

6

Qual plano teve sucesso em controlar a hiperinflação no país?

Resposta:

Durante anos, a hiperinflação foi o principal tema da política econômica brasileira. Sob José Sarney (1985 a 1990) – primeiro presidente após o fim da ditadura militar –, foram vários os planos que falharam nessa missão. Os três principais foram os planos Cruzado (1986), Bresser (1987) e Verão (1989), que eram baseados, principalmente, em congelamento de preços. O presidente seguinte,
Fernando Collor (1990 a 1992), anunciou logo no segundo dia de mandato o Plano Collor, cuja principal medida foi o
confisco da poupança. Mas a medida também falhou. A inflação só foi controlada a partir de 1994, com o
Plano Real, implementado sob a presidência de Itamar Franco (1992 a 1994). O plano se baseou em uma combinação de medidas, que incluíam o ajuste das contas públicas, a
troca de moeda – do cruzeiro real para o real – e o atrelamento do real ao dólar. A transição de moeda foi feita usando a URV (unidade real de valor), moeda virtual criada antes da circulação do real para evitar a transmissão da inflação.

7

Em que ano foi adotado o sistema de metas de inflação no Brasil?

Resposta:

Desde 1999, o Brasil adota um regime de
metas de inflação. O Banco Central estipula metas para a inflação em um ano, com uma margem para mais e outra para menos – as chamadas bandas. Então, ele deve se esforçar para cumprir os objetivos, utilizando como instrumento principal a taxa de juros – a chamada
taxa Selic. O regime de metas de inflação é um dos pilares do chamado
tripé macroeconômico, junto com as metas de superávit fiscal (saldo positivo na diferença entre arrecadação e gastos do governo) e o câmbio flutuante.

8

Qual foi a inflação de 2020, medida pelo IPCA?

Resposta:

A
inflação em 2020 foi a maior desde 2016 (6,29%), mas não chegou a 5%. O
IPCA subiu 4,52% no primeiro ano da pandemia. A aceleração inflacionária ficou concentrada no segundo semestre do ano, e teve como protagonistas
os alimentos. Produtos como óleo de soja, arroz, batata, tomate, leite,
e carnes tiveram os maiores aumentos.

RESPONDA TODAS AS PERGUNTAS PARA VER SEU RESULTADO FINAL.

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