Manicômios: por que eles ainda são um problema no Brasil
Murilo Roncolato
30 de outubro de 2016(atualizado 28/12/2023 às 08h02)A Lei da Reforma Psiquiátrica tem 15 anos, mas o debate acerca do melhor modelo de atendimento e cuidado em saúde mental continua
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“No hospício, tira-se o caráter humano de uma pessoa, e ela deixa de ser gente”. A frase do psiquiatra mineiro Ronaldo Simões Coelho se referia a um caso extremo brasileiro, o do Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, onde trabalhou brevemente. O lugar, que funcionou de 1903 a 1980, sentenciou ao menos 60 mil “pacientes”, devidamente diagnosticados ou não, à morte.
“O que acontece no Colônia é a desumanidade, a crueldade planejada. É permitido andar nu e comer bosta, mas é proibido o protesto”, denunciou Coelho no fim da década de 1970, o que serviu de motivo para sua demissão. Em 1961, a revista “O Cruzeiro” já havia feito o mesmo com a reportagem “A sucursal do inferno”.
As imagens capturadas pelo fotógrafo Luiz Alfredo mostravam corpos esquálidos, nus, dormindo em amontoados de palha, as cabeças raspadas, mulheres e homens – um deles aparece agachado bebendo “água” do esgoto aberto que corria pelos pavilhões –, crianças deitadas encolhidas no pátio com o olhar vazio.
Fotografia de pacientes do Colônia de Barbarcena, publicada na ‘O Cruzeiro’
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