Coluna

Yasmin Thayná

Você tem um minutinho para ouvir a palavra de Brown?

20 de março de 2017

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É verdade que, de tempos em tempos, as obras de arte nos ajudam a recalcular certas rotas do cotidiano, ampliam as nossas realidades, dão plasticidade ao tempo político que se vive, ou viveu

Recomendação: ler ouvindo o disco Boogie Naipe .

Eu cresci tendo poucos ídolos, idolatrando poucas pessoas. Mas já curti de olho fechado na sala de casa o som do Menor do chapa e da MC Sabrina, principalmente quando ela entrava no palco da Furacão 2000. Não me aguentava quando ela cantava: “Já to sabendo que você tá sem ninguém/ sem ninguém/ que terminou o seu romance outra vez/ Mais uma vez”.

Por sorte, tive e tenho um pai que aposta em tudo que de alguma forma é capaz de libertar meu corpo e minha mente. Sem refletir sobre nada disso, ele apenas trazia as músicas que eu curtia. Na época não tinha Spotify. Mas tinha amor e muita música catalogada em DVD.

Não sei explicar muito bem porque nunca fui fã daquelas que tem pôster de banda no quarto, camisa e sabe todas as febres que o/a artista já teve na vida. Talvez porque não tive uma cultura televisiva tão fomentada, sempre via futebol com o meu pai e Copa do Mundo, nunca fui de ver novela, programas etc. Só aos domingos que às vezes eu curtia ver a banheira do Gugu com a minha avó. Era trash mas era o início dos anos 2000.

Dia desses fiquei de repouso uma semana. Minha temperatura só marcava acima de 39 graus. Por não conseguir fazer muita coisa, fui ouvir rádio e acabei sendo pega de surpresa por uma entrevista que o Mano Brown deu para a Eldorado.

Yasmin Thaynáé cineasta, diretora e fundadora da Afroflix, curadora da Flupp (Festa Literária das Periferias) e pesquisadora de audiovisual no ITS-Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro). Dirigiu, nos últimos meses, “Kbela, o filme”, uma experiência sobre ser mulher e tornar-se negra, “Batalhas”, sobre a primeira vez que teve um espetáculo de funk no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e a série Afrotranscendence. Para segui-la no Twitter: @yasmin_thayna

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.

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