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Em 1949, no Laboratório Jackson nos EUA, nasceu um grupo de camundongos (também conhecidos popularmente como “ratinhos”) visivelmente diferente, muito mais obeso que o normal . Ao chegarem na meia idade, esses camundongos obesos pesavam cerca de 90 gramas, três vezes o peso de um animal normal (cerca de 30 gramas). Também tinham várias complicações vistas em humanos com obesidade mórbida (grave), incluindo o desenvolvimento de diabetes. Cientistas, percebendo a oportunidade de estudar por que engordamos , mantiveram as linhagens familiares desses animais, e os chamaram de camundongos ob (de obeso).
O excesso de peso não acontecia porque os camundongos eram mais “altos” ou, no caso de camundongos, mais compridos: a distância do focinho até o início do rabo deles era até um pouco menor. Os camundongos ob eram de fato muito gordos, com enormes depósitos de gordura por todo o corpo. Os cientistas notaram também que o padrão obeso era herdado de forma recessiva, ou seja, cerca de um quarto dos filhotes de pais normais contendo a alteração genética eram obesos. Isso indicava que os animais obesos haviam herdado de seu pai e mãe um gene defeituoso, cuja falta levava à obesidade.
À esquerda, um camundongo obeso, com grandes depósitos de gordura pelo corpo; à direita, um camundongo saudável
Alicia Kowaltowskié médica formada pela Unicamp, com doutorado em ciências médicas. Atua como cientista na área de Metabolismo Energético. É professora titular do Departamento de Bioquímica, Instituto de Química da USP, membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. É autora de mais de 150 artigos científicos especializados, além do livro de divulgação Científica “O que é Metabolismo: como nossos corpos transformam o que comemos no que somos”. Escreve quinzenalmente às quintas-feiras.
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