FOTO: DIVULGAÇÃO/INSTAGRAM @FRANUI.BRASIL

Já ouviu falar de Franuí? O doce argentino é feito de framboesas congeladas cobertas por camadas de chocolate branco e ao leite (há versões com meio amargo). O pote vem com um punhado dessas bolinhas e pode, teoricamente, ser encontrado em alguns mercados brasileiros. Teoricamente, porque o produto que chegou há poucos meses no país virou febre no TikTok e sumiu das prateleiras.

Em um vídeo com mais de 276 mil visualizações até o fim de julho, a influencer e atriz Jade Picon ensina a fazer uma receita caseira da iguaria. E existem muitos outros vídeos desses. O doce virou tema recorrente no TikTok, com avaliações, curiosidades ou receitas sendo publicadas diariamente. Só na hashtag #franui, são quase 90 milhões de visualizações. E outras variações como #franuibrasil, #franuilovers, etc., somam dezenas ou centenas de milhares de views cada.

A cronologia de um doce viral

O sucesso do doce no TikTok chegou ao ápice no Brasil em de julho. Uma pesquisa na rede social permite traçar uma espécie de linha do tempo do frenesi da Franuí na América Latina:

• Em 2020 , uma tiktoker argentina exibiu uma embalagem e disse que era impossível citar três coisas melhores do que o doce. Até julho, já eram mais de 780 mil visualizações.
• Em 2021 , outro vídeo mostrou uma pequena barata dentro de uma das framboesas. A publicação atingiu quase 550 mil visualizações.
• Em fevereiro de 2022 , uma tiktoker colombiana se gravou provando pela primeira vez o doce. O vídeo tem mais de 334 mil visualizações.
• Também em fevereiro de 2022 , surgiu o primeiro conteúdo brasileiro sobre as Franuí. A tiktoker Juliana Linhares mostrou o doce durante uma visita a Bariloche. Pouco mais de 8.600 pessoas viram o vídeo.
• Em setembro de 2022 , outra tiktoker, dessa vez mexicana, fez um vídeo indo atrás das “ Franuí virais do TikTok ” no mercado. Já são 1,4 milhão de visualizações.
• Também em setembro de 2022 , outro mexicano exibiu as Franuí . O vídeo tem 2,1 milhões de visualizações.
• No começo de 2023 , uma série de vídeos sobre Franuí, gravados em vários países, começou a surgir.
• No fim de junho , a tiktoker Marianna Benassatto foi a primeira brasileira a viralizar com o tema. Em seu vídeo, com 168 mil visualizações quase dois meses depois, ela fala sobre a dificuldade de comprar e indica uma marca nacional que faz o mesmo doce.

Popular, mas difícil de encontrar

Na rede de supermercados Mambo, em São Paulo, o produto foi entregue três vezes ao longo de julho e, em todas as oportunidades, se esgotou em menos de uma semana. Os funcionários relatam que os clientes passaram a ligar atrás do doce, mas nenhuma unidade tinha a Franuí, pelo menos até segunda-feira (31).

O mesmo aconteceu na Casa Santa Luzia, no bairro paulistano dos Jardins. O empório é famoso por vender produtos difíceis de encontrar em outros mercados, mas nada de Franuí. Lá, um carregamento chegou em junho e se esgotou em duas semanas. “A gente nem sabia o que era, quando fomos entender já estava acabando”, disse ao Nexo uma atendente. Ela afirma receber cerca de 10 ligações por dia atrás do doce.

Dependendo do endereço de quem busca, os dois sabores de Franuí podem ser encontrados em suas embalagens de 150g no aplicativo Rappi por R$ 34,90. Mas isso é possível somente na modalidade Turbo, em que os produtos ficam armazenados em dark stores, galpões otimizados para escolha e embalagem rápida, e são entregues em 10 minutos.

“O primeiro volume que importamos foi expressivo e já vendemos 40% dele”, disse ao Nexo Mabel Alves, head do Rappi Turbo no Brasil. “Distribuímos para São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Campinas e, recebendo mais até o final de agosto, vamos levar também para Belo Horizonte, Porto Alegre e Nordeste”, completou.

Cristina Kirchner, Willy Wonka e expansão

As Franuí foram criadas em 2013 por Diego Fenoglio, chamado pela revista Forbes de “ Willy Wonka argentino ”. Fenoglio herdou a confeitaria que seus pais, imigrantes italianos, tinham na cidade de Bariloche e tocou o negócio familiar até fundar sua própria fábrica, a Rapanui, em 1996.

Sua fama no país atingiu o auge quando, em 2021, durante uma sessão do Senado argentino, a vice-presidente Cristina Kirchner não percebeu o microfone ligado e deixou escapar : “A que horas fecha a Rapanui?”. Na época, a empresa estava faturando US$ 5 milhões ao ano e começando a produzir em sua nova fábrica em Valência, na Espanha, para internacionalizar a marca.

Em outra reportagem da Forbes Argentina, de março de 2023, Aldo Fenoglio, filho de Diego, disse que a primeira exportação ao Brasil ocorreria em abril, “com boa perspectiva de crescimento ”. E completou dizendo que, além das fábricas e lojas na Argentina e na Espanha, a empresa planeja abrir mais 20 sucursais pelo mundo nos próximos anos — incluindo o Brasil.

As Franuí, claro, são a estrela da companhia. Mas difíceis de encontrar. O autor deste texto, por exemplo, ainda não tinha conseguido provar até a noite de segunda (31).