Rússia abre disputa com a França pelo uso do termo ‘champanhe’

Da Redação

06 de julho de 2021(atualizado 28/12/2023 às 23h13)

Decreto de Putin determina que apenas espumantes russos poderão usar a nomenclatura, na contramão de mecanismo comercial que protege produtores de região francesa de mesmo nome

O Nexo depende de você para financiar seu trabalho e seguir produzindo um jornalismo de qualidade, no qual se pode confiar.Conheça nossos planos de assinatura.Junte-se ao Nexo! Seu apoio é fundamental.

Temas

Cultura Economia Internacional

Compartilhe

FOTO: KIRILL KUDRYAVTSEV/16.ABR.2016

O presidente da Rússia, Putin, segura uma taça, em cerimônia em Moscou

A Rússia sancionou uma lei que determina que apenas espumantes produzidos no país poderão usar a nomenclatura champanhe.Produtores estrangeiros – inclusive os franceses da região de Champagne, que dá nome à bebida – terão que se referir a seus produtos como vinhos espumantes, de acordo com o decreto assinado pelo presidente Vladimir Putin e anunciado na sexta-feira (2). A informação deverá constar na parte de trás das garrafas.

A medida privilegia os champánskoe, bebida local criada durante a União Soviética para popularizar o consumo de espumantes e torná-los mais acessíveis à população. Mas viola o mecanismo da indicação geográfica, que atrela o nome de certas regiões a produtos fabricados nesses locais. Globalmente, esses registros são protegidos pela OMC (Organização Mundial do Comércio).

Em resposta à medida russa, o ministro da Agricultura francês, Julien Denormandie, reforçou que o champanhe é um nome que só pode ser usado em vinhos espumantes produzidos na região homônima da França . Jean-Yves Le Drian, ministro das Relações Exteriores do país, disse que vai recorrer à OMC caso Putin insista com a nova lei. A associação francesa de produtores de champanhe se declarou “escandalizada” , segundo o jornal El País, e instruiu fabricantes a não exportar mais as bebidas para a Rússia.

O mecanismo deindicação geográfica reconhece a notoriedade de uma região e povo em produzir bens e serviços específicos por meio das tradições locais. O champanhe é um caso de Denominação de Origem, que é usada quando um produto é diretamente influenciado por fatores geográficos, climáticos e humanos de determinado país, província, cidade ou região.

Segundo o mecanismo, embora seja possível produzir vinho branco espumante em outros lugares do mundo, apenas aqueles feitos na região de Champagne podem receber esse nome – já que são feitos com uvas e processos específicos do local. No Brasil, alguns exemplos de indicação geográfica são o queijo Canastra, de Minas Gerais, e o abacaxi de Novo Remanso, do Amazonas.