Bolsonaro assina decreto que reduz proteção de cavernas
Da Redação
13 de janeiro de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h17)Cavidades naturais antes protegidas por lei agora poderão receber empreendimentos considerados de utilidade pública
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Gruta do Janelão, em Minas Gerais, parte do Parque Nacional do Peruaçu
O presidente Jair Bolsonaro (PL) editou na quarta-feira (12) um decreto que flexibiliza a proteção ambiental de cavernas . A categorização oficial de cavidades naturais localizadas em áreas de licenciamento ambiental estabelece graus de relevância para esses espaços, de baixo a máximo. A nova medida revoga uma regra de 1990 que proibia que cavernas do nível máximo — as de maior valor ecológico — sofressem impactos diretos.
Pelo decreto, essas cavernas agora poderão receber empreendimentos considerados de utilidade pública, mediante autorização dos órgãos ambientais competentes. Os empreendedores também terão de fazer compensações ambientais e não poderão gerar a extinção de espécies que habitam o local.
O Ministério do Meio Ambiente justificou a decisão em nota, afirmando que a mudança cria a possibilidade de“investimentos em projetos estruturantes fundamentais, geradores de emprego e renda, como rodovias, ferrovias, mineradoras, linhas de transmissão e energias renováveis”.
Estudiosos e organizações da área se manifestaram contra a medida. A Sbeq (Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros) divulgou uma nota alertando para impactos ambientais “enormes e irreparáveis”. “Literalmente, milhares de espécies que vivem em cavernas, incluindo espécies criticamente ameaçadas de extinção e espécies hiperendêmicas (com ocorrência em uma única caverna, por exemplo) estão em risco mais elevado com a publicação do Decreto 10.935”, diz o texto.
Há ainda questionamentos quanto à exigência de compensações ambientais dos empreendedores. O decreto prevê que medidas sejam tomadas para assegurar a preservação de outra caverna “com atributos ambientais similares àquela que sofreu o impacto e, preferencialmente, com grau de relevância máximo e de mesma litologia”. “Do ponto de vista físico, cavernas são únicas . Não existem duas cavernas iguais, porque os processos que dão origem a uma caverna são únicos”, disse o presidente da Sbeq, Enrico Bernard, ao site O Eco. “Não existe compensação correta por causa da singularidade delas”.
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