Monark e Kim Kataguiri defendem existência de partido nazista
Da Redação
08 de fevereiro de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h20)Apresentador do ‘Flow’ disse que Brasil deveria ter partido antissemita, e deputado criticou criminalização de ideologia na Alemanha. Após declarações, que atacam a Constituição, programa anunciou a saída do podcaster da equipe
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O podcaster Monark (à esq.) e o deputado federal Kim Kataguiri (Podemos-SP)
O podcaster Bruno Aiub, conhecido como Monark, que apresenta o “Flow Podcast”, defendeu na segunda-feira (7) a criação de um partido nazista no Brasil, dizendo se tratar de uma questão de liberdade de expressão. O programa recebia os deputados Kim Kataguiri (DEM-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP). Depois da repercussão negativa, o podcast anunciou na terça (8) a retirada do ar do episódio e a saída de Monark da equipe .
Em uma discussão sobre regimes “radicais” de direita e esquerda, Monark saiu em defesa do antissemitismo. “Se o cara quiser ser antijudeu, eu acho que ele deveria ter o direito de ser”, disse. Tabata Amaral classificou a declaração como “esdrúxula” e disse que a liberdade de expressão termina quando se manifesta contra a vida de outras pessoas, destacando que o nazismo representa um risco para a população judaica. “De que forma?”, perguntou Monark.
A veiculação de símbolos ou de propaganda relacionados ao nazismo é crime previsto em lei federal e descrito na Constituição como inafiançável e imprescritível. A lei brasileira também proíbe a criação de um partido nazista junto à Justiça Eleitoral.
Kim Kataguiri afirmou na conversa achar errado que a Alemanha tenha criminalizado o nazismo depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), durante a qual o governo nazista liderado por Adolf Hitler promoveu o extermínio de milhões de judeus e outros grupos. O deputado também se queixou de partidos comunistas terem mais espaço na imprensa que defensores do nazismo – uma comparação que não se sustenta, uma vez que partidos como o PCdoB não pregam a exclusão de minorias étnicas e hoje jogam dentro das regras da democracia brasileira.
As declarações foram amplamente repudiadas. Nesta terça-feira (8), o grupo Judeus pela Democracia criticou o argumento de Monark da “liberdade de expressão” ilimitada e disse que “ideologias que visam a eliminação de outros”, como o nazismo, “têm que ser proibidas”. A Conib (Confederação Israelita do Brasil) também se manifestou:
“O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera ‘inferiores’. Sob a liderança de [Adolf] Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias. O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica”
Nas redes sociais, cresceu a pressão para que patrocinadores do “Flow Podcast” retirem recursos do programa. Até agora, ao menos cinco marcas encerraram contratos ou pediram para serem retiradas de ações do podcast (mesmo não sendo atuais patrocinadoras), como Puma, iFood e Mondelez. Após a repercussão, Monark pediu desculpas, dizendo que errou e estava bêbado. “Peço perdão pela minha insensibilidade”, afirmou em vídeo nesta terça (8). No fim de 2021, o podcaster já havia perdido patrocinadores ao questionar se ter opiniões racistas seria crime. O iFood, que retirou apoio do programa na época, foi alvo de um ataque hacker e teve nomes de restaurantes trocados para mensagens de extrema direita.
ESTAVA ERRADO: Uma versão deste texto afirmava que Kim Kataguiri é do Podemos. Na verdade, embora ele tenha anunciado que pretende migrar para o Podemos, o deputado ainda está no DEM. A informação foi corrigida às 22h58 de 8 de fevereiro de 2022.
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