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Sobre que filme Caetano Veloso está opinando? Faça o teste

Lucas Zacari

22 de maio de 2024(atualizado 23/05/2024 às 16h00)

Livro reúne críticas cinematográficas, comentários e entrevistas do artista entre 1960 e 2023

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FOTO: Maritza Caneca/DivulgaçãoCaetano Veloso durante filmagem de 'O cinema falado', em 1986. Uma foto em preto e branco de um homem com o olho em uma câmera fotográfica. Ele está de lado e com o braço curvado, com a mão na câmera

Caetano Veloso durante filmagem de ‘O cinema falado’, em 1986

As opiniões cinematográficas de Caetano Veloso foram reunidas no livro “Cine Subaé: Escritos sobre cinema”, organizado por Claudio Leal e Rodrigo Sombra e lançado no Rio de Janeiro na terça-feira (21). O nome da obra homenageia o cinema que o artista baiano frequentava em Santo Amaro da Purificação, sua cidade natal. 

O livro reúne textos de Caetano entre 1960 e 2023, incluindo críticas sobre filmes e diretores, comentários sobre o comportamento do público brasileiro e entrevistas sobre o tema. A obra conta com opiniões raras do apaixonado por cinema publicadas no jornal O Archote, de sua cidade natal. O artista tinha 18 anos e sonhava em se tornar diretor.

Neste quiz, o Nexo mostra trechos de opiniões de Caetano Veloso e te desafia a descobrir a qual filme ele se referia. Faça o teste:

1

“Desse modo, não posso entender como vocês podem amar obras que desrespeitem sua vida e vocês mesmos; não sei como conseguem identificar-se com aquelas coisas falsas que se movem na tela e que, sem dúvida, não são criaturas humanas; não entendo como podem ver seus dramas naqueles incidentes exagerados e mentirosos.”

Resposta:

O livro “Cine Subaé” mostra a indignação do jovem Caetano com o filme americano “Imitação da vida”, de Douglas Sirk, reação diferente da do público local. A trama apresenta a amizade entre duas mulheres viúvas e a relação com as filhas delas. 

 

Em artigo de 28 de maio de 1961, Caetano afirma que o filme utilizava temas sociais importantes, como o racismo, apenas para fazer o público se emocionar. No texto, ele chamou a produção de “dramalhão”. Curiosamente, em uma entrevista ao jornal Correio das Artes, da Paraíba, em 2009, o artista disse ter revisto o longa e gostado. 

2

“(…) É um filme de suspense muito bem realizado, como era de se esperar, sendo uma obra de Alfred Hitchcock. A trama bem realizada recebeu adequado tratamento. Mais uma vez Hitch brinca com os sustos e o mistério usando para isto do nonsense.”

Resposta:

Em um comentário de 19 de junho de 1961, Caetano opina sobre uma série de filmes que foram exibidos no Cine Subaé, em Santo Amaro. Dentre eles está “Intriga internacional”, sobre o qual ele é categórico ao afirmar que é “bom”, mas de menos qualidade que “Pacto sinistro” (1951) e “Um corpo que cai”. 

 

O longa apresenta a história de um publicitário confundido com um agente secreto que é colocado em missões de espionagem. Posteriormente, Caetano classificou o filme de Hitchcock como o oitavo melhor dos que passaram no cinema local naquele ano. 

3

“O filme agradou imensamente na Itália e em toda a Europa (e continua agradando). Mas entre nós existe uma preguiça mental, um desleixo do intelecto que não deixa o povo ver o filme pensando.”

Resposta:

No início da carreira de crítico de cinema de Caetano, ele utiliza o filme “A doce vida”, do italiano Federico Fellini, para exemplificar o comportamento do público brasileiro, em especial o da cidade de Salvador. O longa é uma crítica à alta sociedade romana do período, retratando um jornalista que precisa cobrir festas chiques do local. 

 

Caetano afirma, em comentário feito em 24 de dezembro de 1960, que o público brasileiro estava acostumado a ver filmes de uma maneira passiva, não querendo pensar durante a exibição. Fellini é uma das personalidades mais citadas na reunião de textos de Caetano. 

4

“Não que eu vá defender uma posição masoquista do artista, mas é como se, com aquelas imagens, o autor ali deixasse de ser passivo exatamente no momento em que ele reconhecia que as imagens eram violentas demais para ele, estavam além da palavra dele, além da opinião, do ato dele, então esse ato superava o ato de ver isso.”

Resposta:

“Terra em transe” é um dos marcos do Cinema Novo e crítico à ditadura militar brasileira, iniciada três anos antes de seu lançamento. O longa acompanha Paulo Martins, um poeta da cidade fictícia de Eldorado que relembra sua trajetória política até ser ferido durante um golpe de Estado. 

 

Em entrevista realizada pela cineasta Raquel Gerber em 1975, Caetano afirma que a produção de Glauber Rocha foi uma das principais referências para o tropicalismo, movimento do qual fez parte. Os artistas pretendiam reforçar referências e características brasileiras na música e no cinema.

5

“(…) Passava uma impressão de domínio da linguagem que, para qualquer espectador brasileiro, era como se fosse assim: ‘isto é um filme mesmo’. É que nem um filme americano, ou japonês, ou francês: é um filme mesmo. O que não acontecia com os filmes do Cinema Novo. Isso talvez tenha causado também ciúme.”

Resposta:

Em depoimento dado em 2022 para os organizadores do “Cine Subaé”, Caetano afirma que “O bandido da luz vermelha” é o primeiro filme que pode ser colocado na mesma prateleira que as principais produções estrangeiras da década de 1960. 

 

O longa é inspirado nos crimes de João Acácio Pereira da Costa durante os anos 1960. O assaltante invadia casas luxuosas da cidade de São Paulo com uma lanterna de luz vermelha. Na vida real, ele cometeu 77 assaltos, dois homicídios, dois latrocínios e sete tentativas de assassinato até ser preso em 1967, no Paraná. 

6

“As únicas nuvens brancas que se formaram sobre o inescapável interesse de tais ideias e imagens se devem ao fato de o filme ter sido feito por quem foi: um artista conhecidíssimo em sua área, inclusive por usar de procedimentos semelhantes (e tom semelhantemente pretensioso) em canções, discos, livros, shows e entrevistas.”

Resposta:

“O cinema falado” é o único filme dirigido por Caetano Veloso e está bastante presente nos textos da coletânea. O documentário tem uma multiplicidade de ensaios e narrativas sobre diversas artes, como literatura, música, cinema e artes plásticas. 

 

À época, o filme teve uma grande polarização em relação à crítica. No livro “O mundo é chato” (2005), obra organizada por Eucanaã Ferraz que reúne escritos gerais de Caetano, ele se defende das opiniões negativas do documentário, especialmente contra aqueles que criticaram um músico como diretor. 

7

“Aqui é um grande filme sobre música – e que se dá pela música – em que a nossa conhecida competência em lidar com ela se acompanha de uma competência cinematográfica de mesma natureza. É o primeiro grande filme musical brasileiro.”

Resposta:

A cinebiografia do astro do rock brasileiro da década de 1980, que morreu em 1990 em decorrência da Aids, foi elogiada por Caetano em coluna no Jornal do Brasil, em 15 de junho de 2004. Segundo ele, é a primeira biografia que consegue aproximar a música do cinema de forma bem sucedida.

 

As interpretações de Daniel de Oliveira e Marieta Severo como Cazuza e Lucinha Araújo, mãe do músico, foram destacadas pelo artista. Além disso, seu comentário também elogiou aspectos técnicos como a direção, a produção e o tratamento dado às canções do líder da banda Barão Vermelho.

8

“A retórica ecológica e anti-imperialista foi útil para que eu fruísse os efeitos sem preocupações (eu não ia ter de ouvir amigos atrapalhando meu entusiasmo infantil).”

Resposta:

Filme que marcou a tecnologia 3D nas salas de cinema, “Avatar” tem direção de James Cameron e foi um sucesso no final dos anos 2000. No Oscar de 2010, foi premiado com três estatuetas de categorias técnicas: melhor direção de arte, fotografia e efeitos visuais. 

 

Situada no ano de 2154, a trama acompanha a extração de minérios de Pandora, uma lua de um planeta gasoso onde vivem seres humanóides azulados, os Na’vi, por parte do exército americano. O comentário de Caetano para o jornal O Globo em 16 de maio de 2010 explica que a atual ministra do Meio Ambiente, Mariana Silva, e o músico Gilberto Gil também notaram a temática ecológica e anti-imperialista da produção. 

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