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Alicia Kowaltowski

O que nós aprendemos com as bactérias termófilas

05 de maio de 2021

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Ao iniciar seus estudos nas termas de Yellowstone, o professor Thomas Brock estava apenas curioso sobre os organismos microscópicos que sobreviviam em águas muito quentes

FOTO: JIM PEACO/NPS

Vê-se um gradiente de cores na Terma Grand Prismatic

Gradiente de cores resultante do crescimento de espécies diferentes de bactérias na Terma Grand Prismatic, no Parque Yellowstone, nos EUA

Faleceu em abril, aos 94 anos, o microbiologista Thomas Brock , que estudou as termas do Parque Nacional de Yellowstone nos EUA. Em 1966, ele descreveu uma bactéria chamadaThermus aquaticus presente na região e capaz de crescer em águas acima de 70ºC. Para efeito de comparação que demonstra o feito incrível desses microorganismos, basta dizer que se o corpo humano fosse aquecido acima de 43ºC por mais do que alguns minutos, morreríamos.

O motivo pelo qual morremos em temperaturas pouco acima da normal para nossos corpos é que nossas moléculas perdem sua estrutura e deixam de funcionar adequadamente. Isso não acontece nas bactérias termófilas (presentes nas águas das termas), pois suas moléculas evoluíram de modo a resistir a altas temperaturas. Isso inclui uma molécula chamada Taq polimerase, que replica o DNA dessas bactérias.

Alicia Kowaltowskié médica formada pela Unicamp, com doutorado em ciências médicas. Atua como cientista na área de Metabolismo Energético. É professora titular do Departamento de Bioquímica, Instituto de Química da USP, membro da Academia Brasileira de Ciências e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo. É autora de mais de 150 artigos científicos especializados, além do livro de divulgação Científica “O que é Metabolismo: como nossos corpos transformam o que comemos no que somos”. Escreve quinzenalmente às quintas-feiras.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam as ideias ou opiniões do Nexo.

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