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Quais vacinas você precisa tomar depois de adulto? 

Mariana Vick

22 de abril de 2024(atualizado 23/04/2024 às 17h40)

Cuidados devem permanecer por toda a vida, especialmente se algum imunizante deixou de ser tomado antes. Veja o que é oferecido na rede pública por faixa etária

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FOTO: Mariana Simonetti/Nexo JornalIlustração mostra pessoa com luva segurando seringa para aplicação de vacina

Ilustração mostra pessoa com luva segurando seringa para aplicação de vacina

Quando se fala em vacinas, é comum pensar imediatamente na imunização infantil. Afinal, parte importante da proteção ocorre quando ainda somos crianças. Mas a preocupação com doenças evitáveis precisa se estender, principalmente para quem não se imunizou nos primeiros anos de vida. Há um calendário de vacinação para todas as fases da vida, incluindo a fase adulta.

Vacinar-se quando adulto é tão importante para o controle de doenças quanto na infância. Alguns imunizantes devem ser dados exclusivamente em determinada faixa etária, enquanto outros dão sequência à vacinação iniciada anos antes, exigindo reforços por toda a vida. São exemplos dessas vacinas as que combatem sarampo, difteria, tétano, entre outras.

Neste texto, o Nexo explica quais são as vacinas recomendadas para adultos, quais doenças elas combatem e em quais casos é preciso tomá-las — já que nem toda a população tem a necessidade de tomar todos os imunizantes, principalmente se os tiverem recebido antes. Mostra também as vacinas indicadas para grupos específicos, com foco naquelas oferecidas na rede pública, a partir de informações do Ministério da Saúde e da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).

A qualquer momento

Diversas vacinas podem ser aplicadas a qualquer momento na idade adulta, a partir de 18 anos. São as principais: hepatite B, que protege contra a doença de mesmo nome, dT (dupla adulto), que protege contra difteria e tétano, e febre amarela. Todas as recomendações valem principalmente para quem não se imunizou contra as doenças antes.

As vacinas hepatite B e dT são aplicadas quase da mesma forma: a pessoa precisa receber três doses de cada uma durante a vida. Caso não as tenha recebido até a idade em que procura o posto de saúde, deve iniciar ou completar o esquema básico. No caso da dT, depois desse esquema é preciso fazer o reforço a cada 10 anos ou a cada cinco anos, em caso de ferimentos graves.

FOTO: Ricardo Moraes/Reuters - 21.abr.2021Em área ao ar livre, duas enfermeiras prepararam doses de vacinas e outra a aplica em uma mulher, que está em pé, de costas. No segundo plano, vê-se o movimento da rua.

Mulher recebe vacina contra a covid-19 em Duque de Caxias (RJ)

A quantidade de doses aplicadas e o intervalo entre elas varia de acordo com a situação vacinal da pessoa. Se ela recebeu apenas uma dose contra hepatite B na vida, vai receber mais duas; se recebeu duas, vai receber uma, e assim por diante. Caso ela não saiba se já se vacinou ou não tenha comprovação de vacinação, o esquema básico será reiniciado.

A vacinação contra febre amarela é diferente. A recomendação é de aplicação de uma dose única para quem não recebeu nenhuma dose até os 5 anos de idade. Caso tenha recebido uma dose da vacina antes de completar 5 anos, é recomendado o reforço. Caso tenha recebido depois dos 5 anos, não é preciso fazer mais nada, pois ela já está considerada protegida, segundo o Ministério da Saúde.

De 20 a 29 anos

Além das vacinas que podem ser aplicadas a qualquer momento, há aquelas para as quais as recomendações mudam de acordo com a faixa etária. É o caso da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola e é indicada para a faixa dos 20 aos 29 anos, em duas doses. A recomendação vale principalmente para quem não se imunizou contra as doenças antes.

A aplicação da vacina funciona da mesma forma que nas situações anteriores. Caso, nessa idade, a pessoa já tenha recebido duas doses da tríplice viral na vida, ela será considerada vacinada e não precisará tomar mais nenhuma. Caso tenha tomado uma, vai precisar completar o esquema. Se não tiver recebido nenhuma, precisará receber duas doses.

De acordo com documento da SBIm, não há evidências que justifiquem a aplicação de uma terceira dose como rotina para adultos com esquema vacinal completo. Essa possibilidade pode ser considerada, no entanto, em situações de risco epidemiológico. Poderiam se encaixar nesse risco surtos de caxumba ou sarampo, por exemplo.

De 30 a 59 anos

A tríplice viral, contra sarampo, caxumba e rubéola, também aparece na faixa de 30 a 59 anos no calendário vacinal do Ministério da Saúde. A diferença é que, nessa idade, a pessoa não precisa receber duas doses (caso não as tenha recebido antes), como é entre os 20 e os 29 anos. A recomendação é que, nesse caso, ela receba apenas uma. 

A aplicação da vacina funciona da mesma forma que na situação anterior. Caso, entre 30 e 59 anos, a pessoa tenha recebido pelo menos uma dose da tríplice viral na vida, ela será considerada vacinada e não precisará tomar mais nenhuma. Se não tiver recebido nenhuma, precisará receber uma dose.

Idosos: 60 anos ou mais

Há vacinas recomendadas especificamente para idosos. Depois das crianças, eles costumam ser os principais alvos de campanhas de vacinação no Brasil. Estão no calendário de vacinação desse grupo três imunizantes principais: hepatite B, dT (dupla adulto), contra difteria e tétano, e febre amarela

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As vacinas da hepatite B e dT são aplicadas nos idosos da mesma forma que em outras faixas etárias: a pessoa precisa ter recebido três doses de cada uma durante a vida. Caso não as tenha recebido até essa idade, deve iniciar ou completar o esquema básico. No caso da dT, depois desse esquema é preciso fazer o reforço a cada 10 anos ou a cada cinco anos, em caso de ferimentos graves.

FOTO: Bruno Kelly/Reuters - 3.mai.2021Imagem mostra idosa recebendo vacina no braço esquerdo de profissional de saúde que veste colete azul e usa máscara e touca brancas. Ao fundo, aparece um muro verde de uma casa que tem uma pequena janela aberta

Moradora de comunidade às margens do Rio Negro, no Amazonas, recebe dose de vacina contra a covid-19

Já a imunização contra a febre amarela é diferente. Caso a pessoa com 60 anos ou mais nunca tenha recebido a vacina contra a doença na vida — ou não tenha comprovante de vacinação —, será preciso avaliar a pertinência do imunizante antes de aplicá-lo. Depois de avaliação médica, ela receberá o imunizante apenas se o benefício for maior que o risco.

Idosos também são grupos prioritários de vacinas contra a gripe e contra a covid-19. A vacina contra a gripe deve ser tomada anualmente, como rotina. Em 2023, o imunizante contra a covid-19 também foi incluído no Calendário Nacional de Vacinação, e deve ser aplicado com regularidade em grupos prioritários a partir deste ano.

Gestantes

Há também vacinas recomendadas para o período da gestação. As principais são a chamada dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto), que protege contra difteria, tétano e coqueluche, e a dT (dupla adulto), que protege contra difteria e tétano. A quantidade de doses recomendadas varia de acordo com o histórico vacinal da gestante. 

FOTO: Carla Carniel/Reuters - 09.07.2021Gestante recebe vacina contra covid em São Paulo

Gestante recebe vacina contra covid-19 em São Paulo

A dTpa é recomendada em todas as gestações, pois, além de proteger a gestante, permite a transferência de anticorpos ao feto. Além dela e da dT, a vacina contra a hepatite B deve ser aplicada em gestantes não anteriormente vacinadas e suscetíveis à infecção. Outras vacinas recomendadas são as contra a covid-19 e contra a influenza, caso a gravidez coincida com o período de sazonalidade do vírus da gripe.

Dependendo da situação individual da gestante, outras vacinas podem ser indicadas nesse período. Alguns imunizantes, por outro lado, são contraindicados: tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), HPV, varicela (catapora) e dengue. Os três primeiros podem ser aplicados no puerpério e na amamentação, enquanto o último também é contraindicado para lactantes.

Casos especiais

Além de idosos e gestantes, há outros grupos que recebem recomendações específicas de vacinação. Um deles são profissionais de saúde e parteiras que atuam em unidades que atendem recém-nascidos. Para eles, é recomendada, a partir dos 18 anos, a dTpa (tríplice bacteriana acelular do tipo adulto), que protege contra difteria, tétano e coqueluche, com reforço a cada 10 ou cinco anos, em caso de ferimentos graves.

Há também a recomendação de vacina do HPV para adultos de até 45 anos que tenham sido vítimas de abuso sexual, convivam com HIV ou sejam pacientes oncológicos ou transplantados. A indicação é de três doses. A aplicação da dose ocorre apenas mediante prescrição médica, e a vacinação para maiores de 45 anos pode ser recomendada pelo profissional em decisão compartilhada com o paciente.

FOTO: Marcelo Camargo/Agência BrasilAdesão à vacina contra HPV é baixa

Adolescente toma vacina para prevenir HPV

Há oferta de vacina contra o HPV no SUS (Sistema Único de Saúde) também para adolescentes, para quem a recomendação é de uma dose, independentemente de abuso sexual ou outra condição — ou seja, a vacina está disponível para todos da faixa etária. A recomendação, no entanto, é recente, e a maioria dos adultos não teve acesso à vacina quando mais jovem. Fora da rede pública, laboratórios privados disponibilizam vacinas contra HPV para adultos independentemente da condição.

Existem ainda casos pontuais em que as pessoas precisarão tomar determinadas vacinas. Para viajar para alguns destinos internacionais, por exemplo, será necessário tomar a vacina da febre amarela. Pessoas suscetíveis a determinadas doenças ou imunodeprimidas também podem precisar de imunizantes a mais (ou receber contraindicação para tomar alguns deles). Para tirar essas dúvidas, é importante consultar um médico.

Outras vacinas

Além das vacinas previstas para adultos no calendário de vacinação, há imunizantes aplicados em todas as faixas etárias dos quais os mais velhos podem se beneficiar. É o caso da vacina contra influenza ou gripe. O imunizante tem grupos prioritários (os idosos, por exemplo), mas em alguns casos os governos locais ampliam as campanhas para mais pessoas.

Há também vacinas na rede privada voltadas para adultos que não estão disponíveis na rede pública, como as apresentadas nos tópicos anteriores. É o caso do imunizante contra herpes zóster, indicado como rotina a partir dos 50 anos. A vacinação é mais recomendada para aqueles que já desenvolveram a doença, segundo documento da SBim.

Pessoas que não tomaram vacinas que fazem parte do calendário infantil devem também receber a imunização quando adultas. Em caso de dúvidas sobre essas questões, o ideal é procurar os serviços de saúde. Mesmo com as recomendações gerais, toda situação é única, e há casos que precisam ser avaliados individualmente.

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