Expresso

Conheça a candidata do PSTU à Presidência da República

Ana Elisa Faria

11 de agosto de 2022(atualizado 28/12/2023 às 22h43)

O ‘Nexo’ continua a série de biografias dos postulantes ao Palácio do Planalto. Este capítulo conta a história de Vera Lúcia, operária e cientista social que disputa pela segunda vez uma eleição presidencial

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FOTO: DIVULGAÇÃO/PSTU

Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado é candidata à presidência pelo PSTU

Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado é candidata à presidência pelo PSTU

Vera Lúcia Pereira da Silva Salgado é a candidata do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) à Presidência da República nas eleições de 2022. Nasceu em Inajá, no interior de Pernambuco, em 12 de setembro de 1967. Tem, portanto, 54 anos.

É filha de um agricultor e de uma bordadeira que, juntos, tiveram sete filhos. Vera é casada, mãe e avó.

R$ 8.805

é o patrimônio declarado por Vera Lúcia ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2022

O que fez até disputar a primeira eleição

Vera deixou o seu município natal, Inajá, aos 11 anos. Junto com a família, mudou-se para Aracaju, capital de Sergipe. Passou toda a infância ali, na periferia da cidade, e começou a trabalhar ainda adolescente, aos 14 anos. Foi garçonete, faxineira, datilógrafa e escriturária.

Ao completar 19 anos, Vera Lúcia foi contratada como costureira em uma fábrica de calçados, época em que iniciou a militância no movimento sindicalista. Mais tarde, foi diretora da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da Federação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Têxtil.

Há quase duas décadas, participa de disputas eleitorais. Já foi candidata à prefeitura de Aracaju por quatro vezes consecutivas, em 2004, 2008, 2012 e 2016, concorreu ao cargo de deputada federal nas eleições de 2006 e 2014 e disputou o governo sergipano em 2010. Em 2020, após deixar o Nordeste e passar a viver em São Paulo, ela se candidatou a prefeita da cidade. Esta é a segunda tentativa de chegar ao Palácio do Planalto – a primeira vez foi em 2018 .

No ano de 2016, a sindicalista se formou em ciências sociais pela UFS (Universidade Federal de Sergipe). Hoje, é educadora sindical pelo Ilaese (Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos), uma organização de formação e pesquisa voltada para lideranças operárias e sindicais.

Os cargos políticos que ocupou até aqui

A presidenciável nunca ocupou cargos eletivos ou no setor público ao longo da carreira política, apesar de já ter disputado diversas eleições.

Qual sua trajetória partidária

Vera Lúcia tem no currículo duas legendas. São elas:

  • PT: Partido dos Trabalhadores (1992-1993)
  • PSTU: Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (1994-até hoje)

No início da carreira político-partidária, em 1992, ela se filiou ao PT. No ano seguinte, entretanto, foi expulsa por integrar a Convergência Socialista , uma ala radical e dissidente do partido.

Em seguida, ajudou a fundar o PSTU, que obteve o registro no TSE em 1994 e desde então é presidido pelo ex-metalúrgico José Maria de Almeida.

Almeida costumava ser o candidato do partido em eleições presidenciais, mas a partir do pleito de 2018 deu espaço à correligionária Vera Lúcia.

Como se posicionava nas eleições de 2018

A ex-operária e atualmente cientista social se apresenta como representante da extrema esquerda brasileira. Defende que os trabalhadores assumam o poder do país por meio de uma revolução. Para ela, o PSTU é o único partido à esquerda no espectro político que luta verdadeiramente pelo direito dos trabalhadores.

Quando estreou na corrida presidencial, em 2018, Vera Lúcia ficou na 11ª posição entre os 13 concorrentes, não alcançando 1% dos votos válidos. No segundo turno daquele ano, o diretório nacional do PSTU declarou voto em Fernando Haddad (PT), porém, “sem nenhum apoio político” ao candidato.

O PSTU, apesar de tecer duras críticas ao Partido dos Trabalhadores, comparando o representante petista a Jair Bolsonaro (no PSL, na época), ao sugerir que ambos, caso eleitos, iriam atacar direitos trabalhistas e favorecer banqueiros e grandes empresários, afirmou que o voto em Bolsonaro seria como dar vários tiros no próprio pé. “No pé de toda a classe trabalhadora. Primeiro, porque ele [Bolsonaro] vai atacar nossos direitos, vai fazer a reforma da Previdência do Temer, talvez até pior”.

“Precisamos estatizar as 100 maiores empresas desse país, os bancos e o agronegócio. Porque nós precisamos de comida. Porque o povo que nesse país passa fome não é porque não tem comida. Aqui se passa fome em meio à comida abundante”

Vera Lúcia

candidata do PSTU à Presidência

No discurso que fez no evento de oficialização da segunda candidatura à Presidência, no dia 31 de julho, Vera falou que ela e sua vice, Raquel Tremembé, formam uma chapa indígena, negra e operária, que representa os setores mais oprimidos da classe trabalhadora do país. “Nós somos a maioria dos desempregados e precisamos construir um governo e, ao mesmo tempo, organizar a classe trabalhadora para controlar esse governo. Nós queremos governar o país com a classe trabalhadora e os indígenas, porque precisamos devolver suas terras, assim como precisamos devolver as terras dos quilombolas e os direitos que foram conquistados por nós”, disse.

O que fez desde 2018

FOTO: DIVULGAÇÃO/PSTU

Vera, pré-candidata à presidência do Brasil, no lançamento das pré-candidaturas do PSTU no Rio Grande do Norte, em 21/07/2022

Vera, pré-candidata à Presidência do Brasil, no lançamento das pré-candidaturas do PSTU no RN

Com a derrota na última eleição presidencial e a vitória de Bolsonaro, Vera Lúcia, assim como o PSTU, milita contra o atual governo, seja pelas redes sociais ou participando de atos nas ruas.

Desde então, ela também se dedicou ao trabalho no Ilaese e foi candidata à prefeitura de São Paulo, em 2020.

A partir do momento em que seu nome foi mais uma vez indicado pelo PSTU para disputar a Presidência da República, Vera tem participado de sabatinas, entrevistas e eventos para apresentar as propostas da sigla. Entre as promessas de campanha do partido, que se define como socialista e revolucionário e tem uma agenda de inspiração trotskista, está a estatização de empresas e a revogação de reformas.

Os pontos fracos

A Estrutura Partidária

Vera Lúcia é filiada a um partido muito pequeno e, além disso, sua chapa não possui aliados, o que também dá a ela pouco tempo de exposição na TV e no rádio durante o horário eleitoral.

Os pontos fortes

OS ESTUDANTES E O DISCURSO

O PSTU mantém influência no movimento estudantil, em especial em alguns centros acadêmicos universitários. A candidata também pode atrair eleitores antissistema.

Quem é seu vice

Kunã Yporã , conhecida como Raquel Tremembé, mulher indígena da etnia Tremembé, do Maranhão, foi a escolhida para integrar a chapa 100% feminina do PSTU na disputa à Presidência da República.

Maranhense, Tremembé tem 39 anos, é pedagoga, integrante da articulação da Teia dos Povos de Comunidades Tradicionais do Maranhão e membro da secretaria executiva nacional da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular Conlutas).

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