Expresso

O Relógio do Clima projetado no Cristo Redentor

Lucas Zacari

21 de julho de 2023(atualizado 28/12/2023 às 23h05)

Iniciativa internacional alerta sobre o alto índice de emissões de gases estufa na atmosfera e o aumento da temperatura global

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FOTO: DIVULGAÇÃO/NULL

Durante a noite, o Cristo Redentor está iluminado com as palavras: 5 anos, 364 dias, "limitar o aquecimento global a 1,5ºC" e uma contagem

Projeção do Relógio do Clima no Cristo Redentor, no Rio de Janeiro

O Cristo Redentor recebeu no sábado (22) um acessório inusitado e alarmante: será projetado nos braços da estátua o Relógio do Clima , uma contagem regressiva que mostra o tempo restante que a humanidade tem para impedir que o aquecimento global alcance 1,5°C.

A segunda edição do Dia da Emergência Climática – data criada por dois ativistas americanos que espalharam a iniciativa mundialmente – marca um dado preocupante: é a primeira vez em que o marcador estará abaixo dos seis anos. Com isso, caso não se altere o ritmo de emissões de gases de efeito estufa, o prazo para que o cenário ambiental seja irreversível termina em 2029.

A ação no Cristo Redentor é realizada, no Brasil, em parceria com o Instituto Talanoa , organização independente e sem fins lucrativos dedicada a políticas climáticas brasileiras.

O cálculo para a marcação

Criado pelos artistas e ativistas americanos Andrew Boyd e Gan Golan, o Relógio do Clima apresenta quanto tempo falta para que o limite de emissão de gases de efeito estufa seja atingido. Na noite de sábado (22),no Cristo Redentor, a projeção exibiu: 05 anos, 364 dias, 19 horas, 58 minutos e 59 segundos.

A medição é baseada em outro relógio, desenvolvido pelo Instituto Mercator de Pesquisa sobre Bens Comuns e Mudança Climática , da Alemanha. A marcação da organização científica apresenta, além da contagem regressiva, o estoque disponível de CO2 a ser lançado na atmosfera para que o aumento da temperatura global alcance 1,5°C.

Esses valores foram apresentados no relatório “ Mudanças Climáticas 2021: a Base das Ciências Físicas ”, do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). Segundo o estudo, a partir de 2020, a atmosfera teria uma capacidade máxima de absorção de 400 gigatoneladas de carbono para que a temperatura do planeta não se eleve a 1,5°C.

Além disso, o relatório também mostrou que as emissões anuais de CO2 – principalmente relacionadas à queima de combustíveis fósseis, processos industriais e uso de terra – estão estimadas em 42,2 gigatoneladas. A previsão do relógio faz a divisão entre a absorção máxima de carbono da atmosfera e o lançamento anual de gases de efeito estufa.

Caso o lançamento de gases na atmosfera se altere – seja positivamente ou negativamente –, a marcação será readaptada para esse novo cenário.

Ações mundiais

A primeira projeção pública do Relógio do Clima aconteceu em setembro de 2020, quando Boyd e Golan o instalaram no Metronome , uma instalação artística em Nova York. Ao invés do horário local, como a estrutura apresentava anteriormente, a contagem regressiva passou a alertar aqueles que passam pela Union Square, um dos principais pontos turísticos nova-iorquinos.

FOTO: CARLO ALLEGRI/REUTERS – 19/04/2021

O Relógio do Clima, em Nova York. Uma estrutura prateada e retangular, com um visor preto ao centro, com a inscrição "6 years, 256 days, 21:18:09"

O Relógio do Clima, em Nova York

De acordo com os idealizadores, o primeiro exemplar físico do Relógio do Clima foi criado após pedido de Greta Thunberg , ainda em 2019. A intenção da ativista sueca era mostrar um pequeno relógio durante os cinco minutos de seu discurso na Cúpula do Clima na ONU, para alertar sobre o curto período para tomada de atitudes contra as mudanças climáticas. A segurança da conferência, no entanto, impediu a exibição.

Além de Nova York, Londres , na Inglaterra, Seul , na Coréia do Sul, e Praga , na República Tcheca, são exemplos de cidades que têm o relógio instalado de forma pernamente. Em 2021, durante a COP 26 , a contagem regressiva foi projetada na torre Tolbooth Steeple , um dos principais monumentos da cidade escocesa de Glasgow.

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