Como ocorrem os deslizamentos. E como reduzir riscos
Giovanna Hemerly, Mariana Vick e Gabriel Zanlorenssi
14 de fevereiro de 2025(atualizado 17/02/2025 às 06h20)Movimentos de massa são mais frequentes no Brasil em época de chuvas, causando danos materiais e humanos. O ‘Nexo’ mostra como esses eventos se formam e quais são as áreas sob risco no país
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Comuns no Brasil no verão, quando grande parte do país registra mais chuvas, os deslizamentos tiram vidas e causam danos materiais. Esses eventos, também chamados de movimentos de massa, ocorrem quando materiais como terra ou rochas se deslocam encosta abaixo. Eles ocorrem quando a força da gravidade supera a coesão das partículas desses materiais, fazendo-os se mover.
Os movimentos de massa podem ser causados por diferentes eventos geológicos, como terremotos e inundações. Assumem diversas feições — do deslocamento de pequenas quantidades de materiais a escorregamentos destrutivos. Os estragos que geram são amplificados pelo uso desordenado do solo nas encostas, como acontece no Brasil.
Certa vez, o geólogo escocês James Hutton (1726-1797) afirmou que “nossas planícies férteis são formadas das ruínas das montanhas”. A frase sugere uma verdade dura: os movimentos de massa fazem parte da dinâmica da Terra — e não há como escapar. A paisagem do planeta está em constante modificação, e, para reduzir riscos, é importante entender os eventos que a transformam.
Como se formam os deslizamentos
Os movimentos de massa são o resultado de uma série de processos na superfície da Terra. Impulsionados pelo calor do Sol, que fornece a energia necessária para que ocorram, esses processos estão o tempo todo modificando o relevo, em intervalos de tempo que podem ser lentos (de milhares ou milhões de anos) ou rápidos.
Processos naturais que resultam
em movimentos de massa
O intemperismo altera as rochas
1
A erosão remove partículas das
rochas desgastadas pelo intemperismo
2
O transporte por agentes naturais
move as partículas
3
As partículas se
assentam no processo
de Sedimentação
4
O que faz com que os
deslizamentos ocorram
Os movimentos de massa costumam ocorrer no Brasil quando há chuvas torrenciais, que fazem o relevo absorver grandes quantidades de água. As encostas vão ficando mais instáveis até o ponto em que um pequeno evento aciona um deslizamento. É possível observar, nesse processo, ao menos três fatores que influenciam o movimento:
1
O tipo de material da encosta
Os materiais de uma encosta podem ser inconsolidados (ou seja, soltos) ou consolidados (compactados). Quando os materiais estão inconsolidados — por causa da ação do intemperismo, por exemplo —, eles têm menos resistência ao movimento. A força da gravidade, então, pode controlá-lo e fazê-los cair, deslizar ou fluir.
A argila é um material inconsolidado,
pois suas partículas não passaram por
processos cimentação ou compactação
Já o argilito é um material consolidado,
pois é formado pela compactação e
cimentação da argila ao longo do tempo.
2
A declividade da encosta
A declividade e a estabilidade de uma encosta também contribuem para a tendência de os materiais caírem, deslizarem ou fluírem. As encostas ficam instáveis quando ficam mais inclinadas que o chamado ângulo de repouso, que é o ângulo máximo que o talude de um material inconsolidado pode ter sem desabar.
Partículas menores e mais arredondadas,
como as das areias finas, deslizam mais
facilmente sobre as outras, resultando
em um ângulo de repouso menor
Partículas maiores e mais irregulares,
como as dos seixos tendem a se encaixar
melhor, aumentando a estabilidade
e o ângulo de repouso
A quantidade de água
presente nos materiais
3
Os materiais de uma encosta podem absorver mais ou menos água, a depender de sua porosidade e da quantidade de água a que estão expostos. Essa água promove instabilidade ao lubrificar o material das encostas e diminuir o atrito entre suas partículas — responsável pela resistência ao movimento. Quando isso acontece, o material passa a se distender com facilidade, comportando-se como um fluido.
Mais coesivo
Areia úmida
A umidade na areia cria uma
tensão superficial que mantém
os grãos unidos, dificultando
seu deslocamento
Areia seca
No estado seco, os grãos
de areia se sustentam apenas
pelo encaixe de suas formas
e pela fricção entre elas.
Areia enxarcada
Os grãos ficam são afastados
pela água, além do efeito
lubrificante, que facilita o
deslocamento dos grãos
Menos coesivo
Você já deve ter ouvido falar que o desmatamento também contribui para os deslizamentos de terra. Os solos, de fato, ficam mais suscetíveis à erosão e ao movimento de massa quando não há vegetação. Isso acontece porque, quando não há um sistema de raízes no solo, a água se infiltra com mais facilidade e o torna mais instável.
com vegetação
A copa das árvores e a cobertura
vegetal diminuem a força da chuva
no solo
A vegetação reduz a velocidade
da água, evitando enxurradas
As raízes ajudam a
manter o solo firme
sem vegetação
Sem vegetação são maiores
os riscos de deslizamentos,
principalmente em áreas inclinadas
O solo fica mais
sucetível a erosão
A água da chuva não é absorvida
pelo solo com eficiência. Em vez disso,
ela corre diretamente pela superfície
e pode cousar enxentes
Com a mudança climática, eventos climáticos extremos de chuvas tendem a ser cada vez mais intensos e frequentes em certas partes do Brasil. O aquecimento global dobrou a probabilidade de ocorrência de chuvas extremas no Rio Grande do Sul em maio de 2024, por exemplo. Essa tendência aumenta a suscetibilidade do relevo a deslizamentos.
Além de fenômenos naturais, atividades humanas podem gerar movimentos de massa. Atividades que promovem o desmatamento ou modificam a declividade dos taludes naturais — como a construção civil — podem desencadear deslizamentos ou torná-los mais frequentes. Para alguns geólogos, certas áreas são tão suscetíveis a deslizamentos que deveríamos nos recusar a construir nelas.
Quais são os tipos de
movimentos de massa
Apesar de a imprensa — inclusive este gráfico — usar a expressão deslizamento para se referir a qualquer movimento de massa, a geologia, na verdade, os classifica em vários tipos. Fenômenos aparentemente idênticos podem receber diferentes nomes dependendo do material transportado e da natureza e velocidade do movimento.
Avalanche de rochas
É um movimento de massa característico de rochas, considerado rápido — de dezenas a centenas de quilômetros por hora — e com alto poder destrutivo. Ocorre quando grandes massas de materiais rochosos são fragmentadas em partes menores ao caírem ou deslizarem. Costuma se dar em regiões de altas montanhas, provocado por terremotos.
O material se solta e se
move rapidamente, podendo
rolar, saltar e deslizar
Envolve o desprendimento
de blocos de rocha massivos,
que podem variar de pequenas
pedras a fragmentos de centenas
de toneladas
Rastejamento de solo
É um movimento de massa característico de solos, considerado extremamente lento, numa taxa que varia de 1 a 10 milímetros ao ano. Ocorre quando as camadas superiores da encosta deslocam-se abaixo com mais rapidez que as inferiores. Pode causar inclinações de árvores, postes e cercas, ou ainda — dependendo do peso — rachar paredes e fundações de prédios.
Conforme o solo se desloca,
a vegetação, rochas e os
objetos sobre ele se inclinam
Pode causar danos
estruturais a longo prazo
em construções e infraestrutura
Deslizamento de detritos
É o deslizamento propriamente dito. É um movimento de massa que atinge tanto solos quanto materiais rochosos, caracterizado por velocidade moderada — 1 km/hora — e alto conteúdo de água. Os deslizamentos podem se tornar fluxos de detritos quando os materiais se misturam como um fluido; também podem ser chamados de avalanches de detritos quando atingem velocidades maiores, de dezenas de quilômetros por hora.
Massa de detritos desliza
como um fluxo denso
A massa de detritos pode
destruir construções e
infraestruturas, além
de representar risco fatal
para pessoas e animais.
Esta lista não mostra todos os tipos de movimentos de massa descritos na literatura científica. Os que aparecem acima servem apenas para ilustrar a diversidade de fenômenos que podem ocorrer. Para nomear informalmente os eventos que ocorrem com as chuvas de verão no Brasil, não é incorreto falar em deslizamentos.
Quais os riscos de
deslizamentos no Brasil
O Brasil tem 15.565 áreas de risco, segundo dados do Mapa de Prevenção de Desastres do Serviço Geológico do Brasil, órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia. Quase 70% delas são consideradas de risco alto e outras 30%, de risco muito alto. Elas abrigam 4,1 milhões de pessoas e 1,5 milhão de domicílios.
Metade dessas áreas — 7.871 — está sob risco de deslizamento, segundo o órgão. Mais de 1,1 milhão de pessoas vivem nesses espaços. A maioria dos locais mapeados está em Minas Gerais, segundo estado mais populoso do Brasil, que tem grande parte de seu território no chamado Planalto Atlântico, tomado por mares de morros.
Áreas mapeadas em risco alto
ou muito alto de deslizamentos
Dados atualizados em 2025
RR
AP
MA
AM
PA
CE
RN
PB
PI
PE
AL
AC
TO
RO
SE
BA
MT
DF
GO
MG
Muito alto
Alto
MS
ES
SP
RJ
PR
SC
Maioria das áreas de risco
ficam próximas à costa,
no centro-sul do país
RS
Risco alto ou muito alto de
deslizamentos, por estado
Número de áreas, dados
atualizados em 2025
sudeste
sul
Nordeste
52,5%
22,6%
18,5%
norte
c. oeste
5,5%
1,0%
ES
RJ
PA
AM
10,0%
4,0%
2,8%
1,9%
BA
SP
5,5%
5,9%
PB
1,1%
PE
MA
7,1%
1,3%
MG
AL
32,6%
1,9%
SC
PR
17,2%
1,1%
RS
4,3%
Municípios com mais áreas em risco alto
ou muito alto de deslizamentos
Dados atualizados em 2025
OURO PRETO
MG
245 áreas de risco
NOVA FRIBURGO
RJ
240
JABOATÃO DOS GUARARAPES.
PE
176
BRUSQUE
SC
162
BETIM
MG
135
IBIRITÉ
MG
102
IPATINGA
MG
94
CARIACICA
ES
87
JUIZ DE FORA
MG
78
JOINVILLE
SC
69
FRANCISCO MORATO
SP
69
É possível saber se sua casa está numa das áreas de risco mapeadas pelo Serviço Geológico do Brasil. Para isso, basta acessar o site do Mapa de Prevenção de Desastres e escrever seu endereço no campo de busca. O órgão tem um tutorial no YouTube que ensina qualquer pessoa a usar a plataforma.
O que fazer para
reduzir danos
É impossível prevenir a maioria dos movimentos de massa naturais. Geólogos podem ser capazes de prever e alertar sobre a ocorrência de novos eventos, mas não têm como pará-los ou evitar que aconteçam. Eles fazem parte da dinâmica da superfície da Terra e sempre vão existir.
Ainda assim, é possível evitar riscos ou reduzir danos controlando a construção e o uso do solo. A solução mais conhecida é evitar erguer qualquer tipo de imóvel em áreas suscetíveis a movimentos de massa. Caso isso não ocorra, outras medidas podem diminuir as chances de esses eventos acontecerem tão cedo.
Preservar a vegetação da área
Construir sem aumentar
a declividade das encostas
Planejar a drenagem de água
para evitar saturação nos
materiais das encostas
Fonte: “Para entender a Terra” (Bookman, 2006). Para o mapa e os gráficos sobre
as áreas sob risco de deslizamento no Brasil, foram usados dados do Serviço
Geológico do Brasil.
Comuns no Brasil no verão, quando grande parte do país registra mais chuvas, os deslizamentos tiram vidas e causam danos materiais. Esses eventos, também chamados de movimentos de massa, ocorrem quando materiais como terra ou rochas se deslocam encosta abaixo. Eles ocorrem quando a força da gravidade supera a coesão das partículas desses materiais, fazendo-os se mover.
Os movimentos de massa podem ser causados por diferentes eventos geológicos, como terremotos e inundações. Assumem diversas feições — do deslocamento de pequenas quantidades de materiais a escorregamentos destrutivos. Os estragos que geram são amplificados pelo uso desordenado do solo nas encostas, como acontece no Brasil.
Certa vez, o geólogo escocês James Hutton (1726-1797) afirmou que “nossas planícies férteis são formadas das ruínas das montanhas”. A frase sugere uma verdade dura: os movimentos de massa fazem parte da dinâmica da Terra — e não há como escapar. A paisagem do planeta está em constante modificação, e, para reduzir riscos, é importante entender os eventos que a transformam.
Como se formam
os deslizamentos
Os movimentos de massa são o resultado de uma série de processos na superfície da Terra. Impulsionados pelo calor do Sol, que fornece a energia necessária para que ocorram, esses processos estão o tempo todo modificando o relevo, em intervalos de tempo que podem ser lentos (de milhares ou milhões de anos) ou rápidos.
Processos naturais que resultam
em movimentos de massa
O intemperismo
altera as rochas
1
A erosão remove
partículas das rochas
desgastadas pelo
intemperismo
2
O transporte
por agentes
naturais move
as partículas
3
4
As partículas
se assentam
no processo de
Sedimentação
O que faz com que os deslizamentos ocorram
Os movimentos de massa costumam ocorrer no Brasil quando há chuvas torrenciais, que fazem o relevo absorver grandes quantidades de água. As encostas vão ficando mais instáveis até o ponto em que um pequeno evento aciona um deslizamento. É possível observar, nesse processo, ao menos três fatores que influenciam o movimento:
1
O tipo de material da encosta
Os materiais de uma encosta podem ser inconsolidados (ou seja, soltos) ou consolidados (compactados). Quando os materiais estão inconsolidados — por causa da ação do intemperismo, por exemplo —, eles têm menos resistência ao movimento. A força da gravidade, então, pode controlá-lo e fazê-los cair, deslizar ou fluir.
A argila é um material inconsolidado,
pois suas partículas não passaram por
processos cimentação ou compactação
Já o argilito é um material consolidado,
pois é formado pela compactação e
cimentação da argila ao longo do tempo.
2
A declividade da encosta
A declividade e a estabilidade de uma encosta também contribuem para a tendência de os materiais caírem, deslizarem ou fluírem. As encostas ficam instáveis quando ficam mais inclinadas que o chamado ângulo de repouso, que é o ângulo máximo que o talude de um material inconsolidado pode ter sem desabar.
Partículas menores e mais arredondadas,
como as das areias finas, deslizam mais
facilmente sobre as outras, resultando
em um ângulo de repouso menor
Partículas maiores e mais irregulares,
como as dos seixos tendem a se encaixar
melhor, aumentando a estabilidade
e o ângulo de repouso
A quantidade de água
presente nos materiais
3
Os materiais de uma encosta podem absorver mais ou menos água, a depender de sua porosidade e da quantidade de água a que estão expostos. Essa água promove instabilidade ao lubrificar o material das encostas e diminuir o atrito entre suas partículas — responsável pela resistência ao movimento. Quando isso acontece, o material passa a se distender com facilidade, comportando-se como um fluido.
Mais coesivo
Areia úmida
A umidade na areia cria uma
tensão superficial que mantém
os grãos unidos, dificultando
seu deslocamento
Areia seca
No estado seco, os grãos
de areia se sustentam apenas
pelo encaixe de suas formas
e pela fricção entre elas.
Areia enxarcada
Os grãos ficam são afastados
pela água, além do efeito
lubrificante, que facilita o
deslocamento dos grãos
Menos coesivo
Você já deve ter ouvido falar que o desmatamento também contribui para os deslizamentos de terra. Os solos, de fato, ficam mais suscetíveis à erosão e ao movimento de massa quando não há vegetação. Isso acontece porque, quando não há um sistema de raízes no solo, a água se infiltra com mais facilidade e o torna mais instável.
com vegetação
A copa das árvores
e a cobertura vegetal
diminuem a força da
chuva no solo
A vegetação reduz a
velocidade da água,
evitando enxurradas
As raízes ajudam
a manter o solo firme
sem vegetação
Sem vegetação,
são maiores os riscos
de deslizamentos,
principalmente em
áreas inclinadas
O solo fica mais
sucetível a erosão
A água da chuva não é absorvida
pelo solo com eficiência. Em vez disso,
ela corre diretamente pela superfície
e pode cousar enxentes
Com a mudança climática, eventos climáticos extremos de chuvas tendem a ser cada vez mais intensos e frequentes em certas partes do Brasil. O aquecimento global dobrou a probabilidade de ocorrência de chuvas extremas no Rio Grande do Sul em maio de 2024, por exemplo. Essa tendência aumenta a suscetibilidade do relevo a deslizamentos.
Além de fenômenos naturais, atividades humanas podem gerar movimentos de massa. Atividades que promovem o desmatamento ou modificam a declividade dos taludes naturais — como a construção civil — podem desencadear deslizamentos ou torná-los mais frequentes. Para alguns geólogos, certas áreas são tão suscetíveis a deslizamentos que deveríamos nos recusar a construir nelas.
Quais são os tipos de
movimentos de massa
Apesar de a imprensa — inclusive este gráfico — usar a expressão deslizamento para se referir a qualquer movimento de massa, a geologia, na verdade, os classifica em vários tipos. Fenômenos aparentemente idênticos podem receber diferentes nomes dependendo do material transportado e da natureza e velocidade do movimento.
Avalanche de rochas
É um movimento de massa característico de rochas, considerado rápido — de dezenas a centenas de quilômetros por hora — e com alto poder destrutivo. Ocorre quando grandes massas de materiais rochosos são fragmentadas em partes menores ao caírem ou deslizarem. Costuma se dar em regiões de altas montanhas, provocado por terremotos.
O material se solta e se
move rapidamente, podendo
rolar, saltar e deslizar
Envolve o desprendimento
de blocos de rocha massivos,
que podem variar de pequenas
pedras a fragmentos de centenas
de toneladas
Rastejamento de solo
É um movimento de massa característico de solos, considerado extremamente lento, numa taxa que varia de 1 a 10 milímetros ao ano. Ocorre quando as camadas superiores da encosta deslocam-se abaixo com mais rapidez que as inferiores. Pode causar inclinações de árvores, postes e cercas, ou ainda — dependendo do peso — rachar paredes e fundações de prédios.
Conforme o solo se
desloca, a vegetação,
rochas e os objetos
sobre ele se inclinam
Pode causar danos
estruturais a longo prazo
em construções e infraestrutura
Deslizamento de detritos
É o deslizamento propriamente dito. É um movimento de massa que atinge tanto solos quanto materiais rochosos, caracterizado por velocidade moderada — 1 km/hora — e alto conteúdo de água. Os deslizamentos podem se tornar fluxos de detritos quando os materiais se misturam como um fluido; também podem ser chamados de avalanches de detritos quando atingem velocidades maiores, de dezenas de quilômetros por hora.
Massa de detritos
desliza como um
fluxo denso
A massa de detritos
pode destruir construções
e infraestruturas, além
de representar risco fatal
para pessoas e animais.
Esta lista não mostra todos os tipos de movimentos de massa descritos na literatura científica. Os que aparecem acima servem apenas para ilustrar a diversidade de fenômenos que podem ocorrer. Para nomear informalmente os eventos que ocorrem com as chuvas de verão no Brasil, não é incorreto falar em deslizamentos.
Quais os riscos de
deslizamentos no Brasil
O Brasil tem 15.565 áreas de risco, segundo dados do Mapa de Prevenção de Desastres do Serviço Geológico do Brasil, órgão vinculado ao Ministério de Minas e Energia. Quase 70% delas são consideradas de risco alto e outras 30%, de risco muito alto. Elas abrigam 4,1 milhões de pessoas e 1,5 milhão de domicílios.
Metade dessas áreas — 7.871 — está sob risco de deslizamento, segundo o órgão. Mais de 1,1 milhão de pessoas vivem nesses espaços. A maioria dos locais mapeados está em Minas Gerais, segundo estado mais populoso do Brasil, que tem grande parte de seu território no chamado Planalto Atlântico, tomado por mares de morros.
Áreas mapeadas em risco alto
ou muito alto de deslizamentos
Dados atualizados em 2025
RR
AP
MA
AM
PA
CE
RN
PB
PI
PE
AL
AC
TO
RO
SE
BA
MT
DF
GO
MG
Muito alto
Alto
MS
ES
SP
RJ
PR
SC
RS
Maioria das áreas de risco ficam
próximas à costa, no centro-sul do país
Risco alto ou muito alto de deslizamentos, por estado
Número de áreas, dados
atualizados em 2025
sudeste
sul
Nordeste
52,5%
22,6%
18,5%
norte
c. oeste
5,5%
1,0%
ES
RJ
PA
AM
10,0%
4,0%
2,8%
1,9%
BA
SP
5,5%
5,9%
PB
1,1%
PE
MA
7,1%
1,3%
MG
AL
32,6%
1,9%
SC
PR
17,2%
1,1%
RS
4,3%
Municípios com mais áreas
em risco alto ou muito alto
de deslizamentos
Dados atualizados em 2025
OURO PRETO
MG
245 áreas de risco
NOVA FRIBURGO
RJ
240
JABOATÃO DOS GUARAR.
PE
176
BRUSQUE
SC
162
BETIM
MG
135
IBIRITÉ
MG
102
IPATINGA
MG
94
CARIACICA
ES
87
JUIZ DE FORA
MG
78
JOINVILLE
SC
69
FRANCISCO MORATO
SP
69
É possível saber se sua casa está numa das áreas de risco mapeadas pelo Serviço Geológico do Brasil. Para isso, basta acessar o site do Mapa de Prevenção de Desastres e escrever seu endereço no campo de busca. O órgão tem um tutorial no YouTube que ensina qualquer pessoa a usar a plataforma.
O que fazer para
reduzir danos
É impossível prevenir a maioria dos movimentos de massa naturais. Geólogos podem ser capazes de prever e alertar sobre a ocorrência de novos eventos, mas não têm como pará-los ou evitar que aconteçam. Eles fazem parte da dinâmica da superfície da Terra e sempre vão existir.
Ainda assim, é possível evitar riscos ou reduzir danos controlando a construção e o uso do solo. A solução mais conhecida é evitar erguer qualquer tipo de imóvel em áreas suscetíveis a movimentos de massa. Caso isso não ocorra, outras medidas podem diminuir as chances de esses eventos acontecerem tão cedo.
Preservar a vegetação da área
Construir sem aumentar
a declividade das encostas
Planejar a drenagem de água
para evitar saturação nos
materiais das encostas
Fonte: “Para entender a Terra” (Bookman, 2006).
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