Como abelhas decidem onde vão formar colmeias
Pedro Bardini
22 de novembro de 2024(atualizado 22/11/2024 às 19h54)Animais se comunicam para formar novos ninhos. Estudos recentes sugerem que interferência humana é prejudicial para a espécie
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Colmeia natural no topo de árvore
O perfil no instagram Texas Beeworks postou um vídeo educativo sobre a forma como as abelhas escolhem onde vão formar colmeias. A publicação foi feita no dia 5 de novembro, durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos. Curiosamente, o processo, assim como o democrático, implica uma “votação”.
O perfil, que viraliza nas redes sociais com conteúdos que mostram a realocação de colmeias, é administrado por Erika Thompson, apicultora profissional e especialista em comportamento de abelhas.
13 milhões
é a quantidade de seguidores das páginas da Texas Beeworks no Tiktok, Instagram e Youtube
O fato de a especialista retirar – com as próprias mãos, sem proteção – centenas de abelhas de uma colmeia é um dos motivos que explica a viralização dos vídeos. Neles, Thompson também compartilha curiosidades sobre os insetos.
As colmeias são formadas por conjuntos de favos de mel, que são construídos por abelhas “operárias” na forma de hexágonos – que ocupam menos espaço e, dessa forma, levam menos tempo para serem feitos. Para formá-los, as abelhas utilizam mel e cera. Enquanto o mel é obtido do néctar, graças à polinização e às enzimas específicas da espécie, a cera é obtida do açúcar do mel através das glândulas de cera, que ficam na parte inferior do abdômen dos insetos.
Com todos os favos já formados, as abelhas buscam vedar qualquer brecha com própolis, uma seiva coletada das plantas, criando a colmeia como é conhecida. Os favos de mel, por sua vez, são utilizados pelas abelhas para armazenar mel, pólen, larvas e ovos. Eles são organizados de cima para baixo, a fim de preservar a temperatura do ninho, que deve ser mantida entre 34°C e 36°C.
A colmeia é necessária para as abelhas porque, durante os meses de inverno e outono, elas não são capazes de coletar pólen e néctar. Dessa forma, elas garantem sua sobrevivência no frio por meio do que acumularam nos favos.
30 a 60 mil
é a quantidade de indivíduos que uma colmeia pode abrigar
Quando a estrutura fica superpopulosa, cerca de metade das abelhas parte em busca de um novo ninho, que deve ser decidido entre a nova colônia, incluindo a rainha, que é levada com elas. A colmeia antiga, por outro lado, coroa uma nova rainha.
Para escolher o lugar ideal em que será construído o novo ninho, antes de sair do antigo, as abelhas “batedoras” reúnem diversas informações. A altura do local até o solo, o volume, o tamanho e a localização da entrada da futura colmeia, além da temperatura e de outras possíveis ameaças, são todos critérios levados em conta pelos insetos.
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Depois de coletados os dados, as abelhas batedoras transmitem essas informações para a colônia. A comunicação é feita por meio do que os cientistas chamam de “dança do balanço”, quando abelhas giram, tocando as patas e antenas umas das outras.
Ver essa foto no Instagram
É após a “dança do balanço” que os insetos tomam uma decisão. De acordo com o vídeo no Instagram do Texas Beeworks, quanto mais longa a dança, maior a quantidade de informação sobre o local para a nova colmeia. Assim, tendo assistido a todas as danças, as abelhas votam na que mais gostaram – que, por vezes, acaba sendo a mais longa. Elas fazem isso tocando as patas e antenas, em círculo. O “processo eleitoral” só acontece entre as fêmeas. Com o fim da votação, elas partem para construir os favos de mel que formarão o novo ninho no local mais votado.
Segundo Derek Mitchell, pesquisador em engenharia mecânica e autor de um texto sobre a formação de colmeias no site americano The Conversation, as abelhas que produzem mel desenvolveram padrões de comportamento complexos para escolher onde formariam ninhos quando colonizaram os climas frios, há mais de 600 mil anos.
Os registros mais antigos da apicultura, prática de criar abelhas para a produção de mel e outros produtos, são de 10 mil anos atrás. A atividade surgiu com a transferência de colmeias naturais, encontradas em troncos de árvores, para áreas próximas às residências humanas, com o objetivo de facilitar a coleta de mel.
Exemplo de colmeia racional
Com o passar dos séculos, o estudo do comportamento dos insetos levou à criação das colmeias racionais. Feitas por seres humanos, elas imitam os ninhos naturais das abelhas, mas são modificadas, a fim de facilitar o manejo e a proteção do mel. Por exemplo, algumas colmeias racionais têm menos favos se comparadas às naturais.
Pesquisas recentes sugerem que a interferência humana no comportamento das abelhas pode ter prejudicado a espécie, principalmente em relação à sobrevivência natural. Elas indicam os prejuízos causados por colmeias racionais e questionam se pesquisas atuais sobre as espécies, baseadas em colmeias modificadas e criadas por seres humanos, podem refletir precisamente o comportamento dos insetos.
Publicado em 2024 no periódico científico Elsevier, um estudo revelou que colmeias racionais podem ter maior perda de calor em comparação com os ninhos naturais. O artigo também apontou que a diferença de circulação de ar entre os dois tipos de colmeia pode ser prejudicial para as espécies.
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