FOTO: Marcos Oliveira/Agência Senado - 31.AGO.2018

Corredor de doces em supermercado

Alimentos ultraprocessados são produtos industrializados que contêm grande quantidade de sódio, açúcares, gorduras e aditivos artificiais. 

A definição surgiu com a criação da chamada classificação Nova, elaborada pelo Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde), da Universidade de São Paulo. Essa escala organiza os alimentos em quatro categorias, segundo o grau de processamento e industrialização de cada um deles: 

• Alimentos in natura ou minimamente processados: são aqueles alimentos obtidos diretamente de plantas ou animais e que podem passar por um processamento industrial mínimo, como a pasteurização, a refrigeração ou o embalamento, por exemplo. É o caso das frutas, do arroz e do feijão.
• Ingredientes culinários processados: substâncias extraídas diretamente da natureza ou de alimentos in natura e que passam por processos como refinamento, prensagem ou trituração para que possam ser usados em outros preparos. É o caso do sal, do açúcar e dos óleos vegetais.
• Alimentos processados: São alimentos feitos a partir de alimentos in natura com a adição de ingredientes culinários processados, a fim de se obter um terceiro produto. É o caso dos queijos, das frutas em calda e dos pães.
• Alimentos ultraprocessados: São alimentos que, além de processados, sofrem adição de corantes, conservantes e outros aditivos sintetizados industrialmente. É o caso de refeições congeladas, salsichas, refrigerantes, biscoitos recheados e salgadinhos em pacote.

Os trabalhos do Nupens se tornaram referência global em estudos de alimentação. As definições baseiam o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, considerado um marco para o estabelecimento de políticas públicas para a nutrição da sociedade. 

Como é o consumo de ultraprocessados 

O consumo de ultraprocessados é abundante no mundo. Em países ricos, como EUA e Reino Unido, mais da metade das calorias ingeridas pela população vêm desses produtos, enquanto, em países em desenvolvimento da América Latina, Ásia e África, seu consumo entrou em ascensão na década de 2010. 

Embora tenha uma forte cultura alimentar, baseada em itens como arroz e feijão e em pratos feitos de restaurantes por quilo, o Brasil também registrou aumento no consumo de ultraprocessados nesse período, por motivos como mudanças no perfil de renda das pessoas, mudanças no mercado de trabalho e mais presença dos industrializados pelo país. Saiba mais sobre os hábitos alimentares brasileiros: 

Quais os efeitos dos ultraprocessados 

Diversos estudos associam o consumo de ultraprocessados a doenças cardíacas, diabetes e diferentes tipos de câncer. O maior consumo desses produtos também está associado ao aumento do risco de desenvolvimento de obesidade e de outras doenças crônicas, como hipertensão. Até mesmo problemas de saúde mental aparecem entre as consequências negativas.

A produção em massa de ultraprocessados também tem efeitos ambientais. Esses produtos demandam grandes quantidades de commodities, o que acaba por incentivar a monocultura — como a de soja, a de milho e a de cana-de-açúcar —, ampliar o uso da terra e reduzir a biodiversidade. A fabricação desses itens também envolve o uso intensivo de água e energia e gera resíduos, como embalagens.